terça-feira, 13 de abril de 2010

Estou cercado de montanhas,
e sobre uma delas;
vejo o sol nascer
vejo o sol se por
vejo vidros empoeirados
vejo palavras escritas que dialogam comigo o tempo todo.

Estou cercado de segredos
que resmungam o tempo todo,
cercado de amigos
verdades e
mentiras...

Vejo a vida passar,
clara e objetiva,
e a vejo também obscura
e escondida dentro de suas histórias.

Estou cercado de histórias e de vozes de personagens
que costumam nunca se cansar
e nunca desaparecer
até que eu os escreva.

Estou cercado de palavras suas
que me acalentam e alimentam minha alma;
estou invadido por elas,
perdido no meio delas.
vejo seu rosto em cada vírgula,
sinto seu cheiro nas metáforas
que quase não uso mais;
me confundo com você
em minha sinestesia desconexa
em meio a tantas palavras
e a tantas lembranças,
que a cada dia se tornam mais,
que a cada dia se tornam indispensáveis,
que a cada dia se tornam eternas;
que a cada dia nos tornam um só.

As montanhas se calam diante do seu sorriso,
o sol se torna mais lento ao ouvir seus poemas,
o vento se torna brisa
e a brisa me traz o desejo do toque seu.
Meus personagens se afastam quando toco em seu rosto,
minha literatura se torna sutil e objetiva,
minha ficção e minhas dúvidas desaparecem
no mesmo instante em que fecho os olhos e penso em você.
É tudo uma verdade tão absoluta,
tão insofismável, tão bela,
tão silenciosa e mansa.

Sou eu que corro em volta da minha verdade,
tentando arrancar dela palavras,
desejos, sonhos e momentos perfeitos.
Sou eu que paro cansado
e tenho nela meu conforto
e minha segurança...

As montanhas dialogam comigo sobre o tempo,
um tempo que eu não sei respeitar.
Ouço o seu silêncio e
tento entender como entender o silêncio
se o meu coração grita
e quer que o seu também grite.
Transfiguro minha linguagem em versos indialogados,
me perco eu seu percurso
e domino a perda.
Só não domino meus instantes de saudade
que nunca param de chegar;
estou longe da esquina que viro quase todos os dias,
por isso a saudade é maior.

Estou entre as montanhas,
silencioso poeta
que não sabe fazer mais nada além de escrever,
e escrevendo
tenho você comigo o tempo todo,
por toda a vida,
por toda a infinita e desconhecida eternidade...

Um comentário:

  1. Vc disse tanto, que esse ficou difícil até de comentar. Lindo, lindo, lindo!

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