domingo, 21 de outubro de 2012

mala vazia

Não tenho cidade
não tenho memórias
não tenho rastros deixados
não tenho história construída;
apenas histórias contadas e
palavras que são levadas pra longe
dentro do esquecimento de cada um.

Não há um caminho a ser seguido,
uma memória a ser guardada,
tudo o que sempre me restou
posso carregar numa bolsa
e o destino
é tão ingênuo
que pensa poder me guiar.
Não sou guiado por nada
pois de nada
se constrói meu mundo.

Me resta apenas ir.
Ir e não deixar que as palavras fiquem
em um mundo que nunca se atreveu
a olhar para elas
nem mesmo para maltratar.
É hora de ir para o infinito,
porque o tempo perdido
em meio aos ninguém
é perdido da eternidade.

Com a mala pequena,
vazia de memórias e  pessoas
poderei livremente
caminhar sobre as palavras...