segunda-feira, 30 de novembro de 2015

somente uma palavra

Existem dias em que possuo apenas uma palavra pra dizer a você,

ame

seja quem for, onde for e como for.

Ame.

É tudo o que temos quando o amor não é ouvido.

Eu sei que eu choro as suas lágrimas e você chora as minhas
quando elas nos abatem.

Por isso há coisas que se ligam de forma inexplicável.

Mas sei também que muitas vezes seremos rasgados, maltratados, humilhados, perseguidos, desacreditados, agredidos, arrancados de nossa paz pelo egoísmo vil de algumas pessoas. O mundo é assim. As pessoas querem ser assim e se tornam a flor do desentendimento, a flor arrancada por mãos egoístas que irá secar em algum canto.

Ame.

Sim, ame aquele que te ama.

Ame aquele que te odeia, sem dar a ele o direito de matar você.

Mas peça que fique bem,

peça a quem quiser, menos a eles, porque não irão fazer isto consigo mesmos, e pessoas que sequer conseguem se fazer bem merecem que as amemos, é tudo que talvez tenham um dia. Mas amor não quer dizer vínculo e dependência, e nem precisa que estejamos perto.

Se tem uma face para oferecer, ofereça.

Porque sua face um dia irá embora e talvez tudo do que se lembrem é da face oferecida.

Ame, mesmo que pareça absurdo amar,

pois é quando o amor é mais necessário.

Continuarei chorando as suas lágrimas porque sei que jamais irei pedir que me ame, seria um pedido desperdiçado, então ame e me ensine a amar o resto do mundo, sem esquecer ninguém, até mesmo aqueles que deixarmos para trás, porque muitas vezes precisaremos deixá-los onde querem ficar.

Ame.

Pois o amor é a sua face mais forte.

É a única palavra que existe diante da intolerância e do ódio.

Amemos o intolerante e aquele que odeia porque temos um ao outro e nos protegeremos sempre que for preciso, e sempre que não for.

Ame.

Porque o amor te dará o universo inteiro.

Peça por todos. Compadeça-se por todos. Torne-se livre e se ame. Todos merecem compaixão. Até mesmo eu e você.

Amemos.

Porque o amor é tudo o que temos.

E mesmo que ninguém nos ame.

Amemos assim mesmo porque talvez nenhum outro amor chegue até eles, por isso eles jamais terão amor para dar a alguém. Seja quem for.

Ame.

Porque você é toda amor.


E quando entender isso, o mundo se tornará um mundo melhor. 



A S.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

A frase mais linda do mundo
na voz mais linda do mundo
tocou meus ouvidos delicadamente
e me fez sentir o que é felicidade,
mais uma vez,
mais uma felicidade,
mais um sorriso que será eterno.
A frase mais linda do mundo
só combina com a voz mais linda do mundo,
que pertence à pessoa mais linda do mundo
e me fez a pessoa mais feliz do mundo...
e que essa voz nunca se cale
e que essa frase nunca se apague
e que se repita quantas vezes puder,
e que o tempo seja ligeiro
e nos dê o presente que queremos o mais rápido possível.
Até lá,
a frase mais linda do mundo
dita pela voz mais linda do mundo

me manterá vivo e feliz. 

sábado, 5 de setembro de 2015

aquele dia

Aquele dia
pode ter parecido um dia simples,
em que alguém apenas chegou e disse oi,
e mais nada.
Mas não foi apenas um dia,
é como se nada mais pudesse voltar a ficar como era antes,
é como se o mundo mudasse de cor,
e mudou;
os olhos é que demoraram a perceber
porque só olhavam o belo e tímido sorriso.
Aquele dia foi o dia em que aprenderíamos o poder da ausência e da distância
quando os abraços fossem tirados de nós
e precisássemos sentir a falta todos os outros dias;
e a falta nos corta com força,
mas o mundo ainda tem outra cor
e a cor antiga jamais irá voltar.
Aquele dia foi o primeiro dia da minha vida
porque todos os anteriores não significam mais nada
depois do que aprendi a sentir.
Porque sinto até hoje todos os dias.
Porque sentirei por todos os outros dias que vierem.
Aquele dia, foi o único dia.
E o seu sorriso mudou a minha vida
e o seu sorriso construiu a minha vida.
E se vivo, é porque vivi aquele dia.

É porque amo. E amar é tudo o que preciso. 

domingo, 23 de agosto de 2015

se o silêncio falasse

Se o silêncio contasse o quanto fui dilacerado
por não terem forças as minhas palavras
ele saberia o quanto não importa
que tudo acabe,
porque tudo foi tirado
e fico dilacerado em pedaços imóveis,
não mortos,
não ainda,
mas imóveis e completamente sem vida;
e estarem mortos,
seria apenas a saída mais bela e romântica,
por isso os pedaços não morrem,
eles agonizam em eternidade
nas mãos que cortam os desejos de forma sombria,
cheias de razão e destinos traçados a todos.
Se o silêncio falasse
eu apenas ouviria
porque tive minha boca calada pela aspereza
das mãos rudes e letais
que me tocam todos os dias.
Se o silêncio falasse
eu seria apenas dor;
e por isso o silêncio me fala todos os dias,
a todo instante,
porque não resta nada,
apenas o fim que ainda não veio,
apenas a decomposição de toda minha alma,
de toda a minha poesia.

E você poderá passar sobre mim,
como se eu não fosse nada,
como se eu nunca tivesse existido.
E serei seu.
E terei obedecido aos caminhos do mundo.
Porque não sou nada.
Por isso desisto
e deixo que minha alma morra perdida nos cantos,
por isso fico aqui,
permitindo que me rasgue,
esperando que a dor vá embora junto com a vida,
porque o silêncio não fala,

ele me deixa só ao lado de quem me mata todos os dias.  

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

o buraco

Jogaram uma garota no buraco.
Corri pra ver e fiquei olhando para ela lá embaixo,
parecia pequena, frágil e assustada,
como uma criança boba e inofensiva.
Então comecei a conversar para acalmar o seu coração,
e suas palavras eram geniais,
a menina via muito mais longe do que as paredes do buraco.
E ela começou a olhar pra cima pra falar comigo.

Os que a jogaram no buraco não gostaram
dela ficar olhando pra cima,
porque isso é errado,
ela devia entender o buraco ao qual pertencia;
mas ela não gostava do buraco.
E me tiraram de perto.
E a menina continuou a olhar para cima,
‘nada muda’ – disse ela.

Bombardearam o buraco
com toda força e raiva que tinham
para que ela abaixasse a cabeça.
Eram bombas covardes e raivosas.
Ela sentiu a dor.
Então pensei,
ela vai se entregar.

Ouvi os barulhos e as palavras da menina,
ela ainda estava de cabeça erguida,
agora mais erguida que antes,
e ela tentava subir as paredes do buraco,
ainda que escorregasse,
começava de novo.
Seus valores mudaram.
Seus medos estão sumindo.
Sua força e sua dignidade aumentam a cada tentativa de subida.
E ela irá sair de lá,
sim irá, pois sua alma já não pertence ao buraco
ou a quem a jogou lá.

Me afastaram e por isto ela sairá do buraco,
como tenho orgulho de sua força e determinação,
como admiro cada vez que ela finca as mãos
nas paredes do buraco para tentar sair,
não se importando se irá cair,
mas sempre seguindo de cabeça erguida.
Como admiro a menina que escala o buraco rumo à liberdade.
Como eu respeito a sua força.
Como eu respeito o seu caráter.
Como eu respeito a sua coragem.

Aqui fora o mundo é mais lindo menina,

e ele já pertence a você.  

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

o cocheiro manco

Voltei à idade média para cuidar de cavalos
nos fundos de uma taberna.
Não sei cuidar de cavalos,
feri minha perna no caminho de volta,
não ando mais direito.
Fiquei manco.
Virei um cocheiro.

O cocheiro manco recolhe estrume todos os dias
enquanto outros homens tomam uísque,
e guardam apenas as menores moedas para presentear o cocheiro
que é o único que lhes preserva
os recursos para seguirem seus caminhos de volta ao lar.

O cocheiro manco não come bem,
pois não consegue comer o feno dos cavalos
e então bebe apenas a sua água,
ao lado deles,
que nunca falam nada e nunca lhe reservam uma moeda.

O cocheiro manco conta toda noite as estrelas,
não por admirar sua beleza,
mas porque dorme todos os dias no cocho,
sujo e com cheiro ruim,
esperando chover para ter como se lavar.

Mas por que ele se tornou um cocheiro?
E por que no mundo medieval?

Me tornei um cocheiro porque os cavalos não falam
e não se importam com as roupas que uso.
Me tornei um cocheiro porque a taberna é barulhenta
e mesmo entre os bêbados
ainda haveria o preconceito por quem eu sou,
mas entre os cavalos não há.
Vim para a idade média
porque nunca vi tanto medo e intolerância
como na era livre em que vivia,
onde as diferenças só eram aceitas
em grupos massacrados com bandeiras;
uma era livre dentro da qual a igualdade jamais existiria.
Uma era em que o ódio dominava as relações
e os corações,
a era mais escura que conheci,
então vim dormir, manco, ao lado do estrume do cavalo,
onde eu não queria ter nada,
e então nada me seria tirado.

O cocheiro manco nunca adormecia,
as estrelas é que se apagavam na imensidão escura do tempo
e tudo o que ele pensava
desaparecia em pensamento algum,
e o cocheiro manco sabia que estava vivo,
porque todos os outros depois dele
sempre estiveram mortos
e por isso só aprenderam a matar tudo o que fosse bom.

E ele não precisava de casa.
E ele não precisava de dinheiro.
E ele não precisava de mais nada além do que tinha de graça,
a chuva e a luz das estrelas.

O coração do cocheiro manco
nunca esteve vazio,
o mundo é que não tinha nada para colocar lá,
então,
ele resolveu ir até as estrelas
e usou os seus sentimentos de escada,
e todos pisaram neles,
menos o cocheiro,
que manco, não conseguia subir as escadas.
E tudo se foi
até as estrelas se apagaram
e esta noite.
Completamente só no mundo que não existe mais,
o cocheiro manco dormiu
e nunca mais acordou para ver as estrelas

se apagarem.  

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Fizeram uma ameaça a uma pessoa,
machucar,
maltratar,
impedir,
causar dor...
Mas o que leva alguém a ameaçar outro alguém?
Não é amor, não é cuidado,
é a falta de alguma coisa em um buraco que se torna imenso
e jamais será preenchido
enquanto não houver espaço para o que é diferente.

Fizeram uma ameaça a uma pessoa,
porque me consideram o problema e o homem ruim,
e ameaçaram machucar a pessoa,
para que o homem ruim a defenda.
Os que amam ameaçam e os que causam mal defendem.
Como assim? Não entendo essa lógica.

Fizeram uma ameaça a uma pessoa.
Não gosto de ameaças.
Gosto de abraços e cooperação e carinho e respeito e amor.
Ameaçar é um ato de covardia,
cujo único objetivo é aniquilar alguma coisa,
um sentimento, um desejo, uma liberdade,
pelo bem comum do medo.
Ameaças não são atitudes de seres humanos.
Seres humanos não machucam seres humanos.

Fizeram uma ameaça a uma pessoa,
porque não podem ou não querem fazê-la feliz,
sem amor e liberdade não há felicidade,
há apenas o vazio
que faz com que os ameaçadores precisem de guerra e dor para se alimentar,
alimentar a sua solidão
alimentar seu ego
e definir o mundo com regras baixas e fúteis.

Fizeram uma ameaça a uma pessoa.
Eu nunca ameaço.
Eu amo.
Fizeram uma ameaça
e que a solidão abrace os seus dias,
enquanto nós abraçamos pessoas,
fizeram uma ameaça
eu fiz um poema.


sábado, 8 de agosto de 2015

O tempo conta histórias que às vezes enganam os olhos.
O tempo sabe ser cruel
e as histórias sabem turvar os olhos dos desatentos.
E podemos nos perder do lado errado da linha.

Sonetos não são um sentimento de verdade.
Sonetos são só sonetos.
E como é difícil explicar a mundo onde
não há verdade e onde não há ficção.

As palavras escorrem,
cada um as vê como sabe ver.
E as palavras se perdem.

As histórias se misturam aos nossos desejos
e nos confundem
e às vezes nos tornamos incapazes de ver a realidade.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

enterrador

Raramente as palavras são leves e sabem voar,
por isso ficam enterradas para serem descobertas pelo futuro.
Não posso curar os medos que não são meus,
só tenho convites, não tenho receitas.
Os beijos escondidos aquecem o coração,
mas as paredes em volta esfriam a alma
e minha alma é quente,
minhas mãos são quentes.

Raramente as verdades são leves e chegam devagar,
por isso ficam enterradas tão fundo
que talvez nem o futuro as encontre.
Sou um enterrador de verdades e palavras
porque não sei de leveza aparente
só sei de leveza de alma
só sei de desejos imortais.

Raramente os homens bons são mesmo respeitados
por isso ficam distantes e sós,
apedrejados por decisões mundanas e menores que suas almas.
E seu coração corre solto o risco de se ferir,
mas corre livre,
ainda que morto e enterrado ao lado de suas palavras.

O que preciso é apenas tocar minha poesia
pois a poesia me conta todo o resto,
inclusive o amor que sinto,
tão grande e infinito quanto sinto.
O que preciso é apenas de uma mão presa à minha
e que não haja mais nada que as possa soltar,
e que mãos juntas
se juntem às palavras de verdade,
e saibam ir
sem parar para ouvir
a terra que cobre os nossos desejos e nos condena à solidão.
Preciso do tempo que é meu,
e por isso escrevo poesia,
pois mesmo enterrado ao lado de minhas palavras,

preciso estar vivo depois do poema. 

sábado, 4 de julho de 2015

volátil

Sou volátil como as palavras
que sequer conseguem ter significado único.
As ruas trocam de cor quando eu troco de sentimento,
mas preciso mais do que trocas,
preciso de uma paleta nova de cores.
O mundo está tão vazio,
as pessoas são tão diferentes de mim,
que as minhas palavras nem sabem onde
ou como devem chegar;
e se vão, mutáveis, translúcidas,
carregadas pelo vento,
mesmo quando o vento não sopra.

Tenho um vinho aberto à minha esquerda,
sem companhia para tomar.
É um vinho muito bom.
Me perco nos meus sentimentos que
não pareço ter a idade que tenho,
mas é tão bom me perder,
isso me dá sentimentos incomparáveis.
Sei que para uns pareço firme como rocha,
e para outros, fluido como a água que corre sem caminho,
ou para alguns, indiferente como uma montanha de gelo;
mas no fundo,
sou apenas perene como as palavras,
que por passarem tão rápido,
sabem se gravar na eternidade.

Aprendi a não ter medo,
aprendi a ter apenas sonhos e esperança,
e tudo se dissolve em palavras,
e as palavras se dissolvem em mim,
e me dissolvo em momentos,
e a vida escorre
como se eu estivesse vivo e morto, o tempo todo, ao mesmo tempo.
Sou tão volátil quanto as palavras,
e por isso passo rápido,
mas com uma intensidade inesquecível.
O mundo anda estranho demais.
Prefiro vê-lo das cores que pinto,
assim é mais bonito,

mesmo que eu veja só. 

domingo, 28 de junho de 2015

sentidos

Toques
cheiros
abraços
fugas
filosofia
literatura
confusões
música
e minhas palavras que,
apesar de me encontrarem,
ainda se sentem perdidas.
E o meu olfato,
e o meu tato,
e todos os meus sentidos,
misturados ao desconhecido intenso de mim,
abalados ao desejo que contorna minha alma,
que redesenha minha poesia
e que consome o meu medo,
me dando alegria,
mesmo na solidão.
E a poesia, intensa, forte, plena,
mais necessária que o ar,
e a poesia,
que não me basta,
que é menor que os beijos que não são recebidos.
Descontrole, sentimentos,
e tudo mais que eu puder perceber,
sem sequer saber de onde veio e para onde vai.
Não sei de mais nada,
tenho apenas os meus sentidos ofuscados
e inertes aos meus desejos,
tenho apenas os cheiros que sinto
e nunca foram para mim,
tenho apenas os desejos que perco,
por que são apenas meus;
e meus sentidos se confundem
dentro de minhas palavras
que desafiam a razão
que manda eu me calar.
Posso perder

mas não sei como me calar. 

domingo, 14 de junho de 2015

Elegia aos muros

Vai lá.
‘Vamos’ seria um convite. Não gosto de ir sozinho.
Mas é preciso entender que as histórias vão ser separadas
pelos que guiam os pensamentos e acreditam ver onde nunca olharam.

O abraço que não vem quando o dono está olhando
faz muita falta,
mas não viria. Nem tudo pode vir.

E jamais quero compreender porque as pessoas só fazem erguer muros,
muros para se fecharem ou para afastar os outros.
Muros construídos sobre a imbecilidade e a falta plena de amor,
amor que luta, morre, vença ou não a briga; mas não foge e morre de inanição.

A arte incompreendida,
apenas olhada como um adorno aos olhos ofuscados pela luz,
sem se poder ver as palavras óbvias dos movimentos;
pobre arte apresentada a tolos.
Como o simples pode estar tão longe de nós?

E sempre ouço me perguntarem o que eu quero.
Que apenas que exista só a sinceridade,
e que a verdade e a lealdade sejam nossos guias.
Quero que o medo de todos acabe.

Mas devo estar no lugar errado,
ou no mundo errado,
ou com as pessoas erradas.

Não quero abrir um vinho.
Espero que meus personagens não leiam isso, mas hoje não os quero escrever,
e estão aqui atrás de mim.
São a única verdade que conheço.
Nunca abandonam seus desejos e nunca deixam de viver sua verdadeira história.

Me encontro tanto com muros.
Vocês constroem tantos muros.
Não gosto de pular muros.
Também não fico escondido atrás deles.
Gosto de caminhos.
Muros me entristecem.
Caminhos me libertam.
Gostaria que todos fossem livres,
mas infelizmente preferem se esconder nas sombras dos muros
e deixar que tudo passe sem acontecer.

Há muito não escrevo elegias.
É que onde houver muros,
sempre ficarei de fora.
Seja qual for o tamanho do muro.
Seja qual for o tamanho da minha elegia.
Irei

mas irei na direção contrária aos seus muros...

sábado, 13 de junho de 2015

Do que são feitas as palavras que não podemos escutar
quando o coração dispara,
as mãos transpiram,
os pés se movem
e paramos de ter qualquer resposta?
O que fica na frente dos nossos olhos?
O que fica atrás dos desejos?
O que apaga os pensamentos?
Por onde o corpo se move quando apenas quer ficar parado?
Qual o tamanho do universo,
quando o único desejo é tocar o seu rosto com as mãos
e os seus sonhos com um sorriso?
Do que são feitos os sorrisos?
Mãos frias. Mãos quentes.
Olhar tímido. Olhar convencido.
Palavras silenciosas.
Abraços. Lembranças. Espera. Abraços.

Sou feito de poesia.
Me apaixono com versos soltos,
arranco sorrisos com facilidade;
nunca perco as palavras,
apenas as deixo de lado
quando posso sentir o cheiro ou o calor de um contato direto.
Sou feito de tudo que eu não possuo,
mas que caminha através de mim.
Sou feito mais de você do que de mim mesmo
e minhas palavras não são minhas,
nem a minha poesia;
são todas suas e apenas as entrego
e me sinto feliz
e me sinto em algum lugar que jamais poderei descrever,
que jamais poderei tocar
que jamais poderei perder.
Só preciso viver dentro dos seus olhos,
no aperto das suas mãos,
no carinho do seu silêncio,
só preciso viver,
e nada mais.

Onde termina uma história que ainda não começou?
Onde começam as histórias que não podem terminar?
Como aprendemos a atravessar os séculos com tanta maestria?
Não me lembro.
Só sei que o tempo já ficou pra trás
e nada mais importa,
apenas estar lá,
estarmos lá.

Do que foi feito esse poema?
De poesia é claro. Poesia e palavras.

E de você. 

domingo, 24 de maio de 2015

Estarei aqui,
mesmo que o lugar que reservei não seja de grande importância,
mas não causará feridas,
ainda que pequeno e discreto,
será seu,
pelo que é. Pelo que ama e por como sabe amar.

Estarei aqui,
de qualquer forma sempre há um cantinho para se esconder
e tenho um cantinho pequeno, mas confiável e caloroso,
onde a angústia não poderá entrar
porque as portas estarão seladas com carinho,
confiança e alegria.

Os lugares incríveis poderão te trazer milhares de coisas,
histórias, lembranças, amores, dores, ausências,
certezas, mentiras...
mas o cantinho te trará apenas abraços sem destino,
sorrisos sem motivo,
carinho sem desejo
e desejo de que seja feliz;
feliz porque ama e sabe amar,
ainda que longe, ainda que ferida, ainda sem forças pra mais nada,
há em você algo que ninguém jamais irá tirar,
por maior que seja,
por mais forte que seja,
por mais longe que fique.
Há quem ama você,
simplesmente por amar,
mesmo que seja um amor infinito,
ou um pequenininho, quase invisível,
há quem fique feliz apenas com o seu ‘oi’,
há um lugar para você,
um lugar grande e lindo,
e eu tenho um pedacinho dele...

Estarei aqui,
pode vir.  

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Não me deixe só por muito tempo
que eu perco a capacidade de poder controlar as minhas ideias
e os pensamentos fluem numa velocidade desconhecida
e todos chegam,
e todos falam,
e todos se calam
e o silêncio fala tão mais alto que eu
que é preciso gritar sem voz para entender o doce perfume da solidão
que alimenta a alma das palavras
e me dá mais do que desejos,
me dá insanidade
e essa insanidade alimenta minhas palavras
que correm feito fantasmas ao meu lado
de pés descalços
roçando o sussurrar do chão
e arranhando seu barulho aos meus ouvidos.
Não me deixe só por muito tempo
porque o limite das minhas criações se perdem
e me recuo dentro das minhas próprias verdades
sem linhas que guiem
sem estradas
sem destino
apenas eu e um mundo que ninguém viu
e um mundo que todos veem, pra que eu possa tirar do lugar.
Não me deixe só por muito tempo
porque irá pensar que estou louco
mas minhas mãos que balançam
são tudo que você não conhece.
Não me deixe só por muito tempo
porque não gosto muito da genialidade dos pensamentos,
gosto do sabor dos sorrisos
gosto do cheiro da pele
gosto do som da sua voz...
não me deixe só por muito tempo
porque não posso controlar  as minhas palavras

e elas me tirarão de você...

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Quando a coragem falta
a ousadia toma conta e nos faz olhar mais longe,
e quando a ousadia não basta
a verdade nos aponta os caminhos mais obscuros
que só são assim aos que possuem os olhos fechados;
e quando a verdade ainda nos vê parados,
é hora do vento arrastar nossas asas
ao inevitável abismo
onde tudo não é visto
e só podemos enxergar o cheiro da queda
que nos liberta do tempo e de tudo que aprendemos com ele;
e somos taxados de loucos, insanos, perdidos
quando estamos apenas olhando em nossos olhos
e vendo que o amor não pertence
ele vai, se liberta, toca, percebe, escuta, muda, evolui
e ao lado dele caminha nossa vida
cheia de lembranças
que valem mais do que as conquistas.
Venha, abrace o tempo que não existe,
se ponha do lado inevitável da vida,
seja livre
viva
seja feliz.
Venha
Corra sem razões para se calçar
ou cobrir seus desejos
porque a vida é exclusivamente sua.
Venha
o tempo não passa,
apenas nos convida a beijar a eternidade
e de eternidade somos plenos.
Venha
porque sim, o beijo da arte é inesquecível.

terça-feira, 19 de maio de 2015

mudo

estou mudo?
parece que estou.
não sabia que conseguia ficar mudo
mas a única coisa que não consigo é ficar sem palavras
nem ao morrer ficarei sem palavras

não me ame
não cuide de mim
não me odeie
não me dê vinhos ou chocolate
não tente me matar
não fale comigo
não me ouça
não acredite nem duvide
não creia
não tema
não fuja nem fique junto
não me seja leal
nem desleal
não me abandone
não diga que é eterno
não diga adeus
mas também não permaneça
apenas leia as minhas palavras
que são o inevitável sobre mim.

posso estar mudo
posso estar morto
posso estar perdido
posso estar confuso
posso estar de qualquer forma
mas sempre estarei escrevendo
por que de mim restam eternamente palavras
e palavras são uma companhia inegável
aos que é negado todo o resto

apenas estou aqui
apenas leia as minhas palavras
nada mais importa agora e jamais importará
de tudo que fica
não levo nada
somente memória do que sei vai
se esvai
e não possuo

não fui feito pra eternidades
por isso cuspo palavras eternas
algo deve ficar de mim

não fui gabaritado para sentimentos imortais
tudo deve acabar em palavras
e assim permanecerá
em algum lugar
que não seja dentro de mim,
nunca dentro de mim,
não fui feito para reter nada
nem para ter nada para mim
apenas para ir
e ir deixando meu rastro
em palavras e memórias perdidas

me tire tudo
terá que me deixar as palavras
me tire tudo
viverei apenas de palavras
me tire tudo
e não tirará nada
porque não pode me tirar as palavras
e o resto
nunca tive.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

bebendo palavras

Hoje eu não tenho uma taça de vinho,
mesmo estando frio,
me permiti um copo de limonada,
sem a delicadeza de uma bebida de status,
que gosto muito;
mas hoje estou simples
de palavras fáceis e sentimentos desconhecidos.
Não quero um banquete,
algo simples pra comer me basta
e satisfaz meus desejos quietos e calmos;
e recuso a robustez das imagens
e deixo quietas as figuras de linguagem
para só me alimentar de palavras,
bebê-las e deixá-las em mim
como se fossem um pedaço inevitável da minha história.
E me sacio em beber as palavras
e não há frio,
há histórias que vivem ao meu lado;
e não há solidão,
há onde as histórias viverem;
e não há medo,
há o seu sorriso,
e te dou minhas palavras.  

terça-feira, 12 de maio de 2015

Quando as palavras forem fracas
e não conseguirem vencer por amor,
e quando as verdades sucumbirem
a quem tem o poder de gritar mais alto,
e quando os desejos forem trucidados
nas morais insanas dos que julga sem conhecer,
deve ser hora de lutar,
de erguer-se da apatia
de se armar com palavras ainda mais fortes,
de calçar o medo sob os pés e
pisar nele para que leve-nos o mais longe que pudermos,
e nesta hora alguma verdade surgirá
e que não fique escondida
ou perdida sob os pés
dos que não ouvem as palavras,
mas que se jogue,
que enfrente a guerra
e que não mude de lado.
Quando a economia tentar sufocar
seu destino em meio ao manto de vida que te cerca
perceba que tudo que não precisa
é tudo o que tentam de vender,
e enganam sua vida
para alimentar um mercado
que apenas consome vidas
vende vidas
destrói vidas.
É hora de erguer-se,
de se armar com silêncio,
desobediência,
coragem,
e de capacitar a sua voz,
seja ela qual for,
a dizer o que deve e precisa ser dito,
mesmo que vá perder,
e irá,
o lado mais fraco sempre perde as batalhas,
e a covardia da hipocrisia sobre a moral e a verdade
possuem o poder de mídia,
a boca maior,
o grito mais alto;
tão alto que um dia passará
e os derrotados serão enfim a única história real.

Então é hora e lutar,
lute sem vencer ou perder,
apenas enfrente o impossível,
desafie o inatingível,
destrua o indestrutível,
arraste seus medos pra fora da batalha
e lute feito um verdadeiro louco
sem destino
e sem infernos pra ir morar,
podendo assim morrer
na derrota,
mas não morrendo no medo.
É hora de lutar,
e que a luta seja honrada
e que a honra seja lembrada
por séculos e séculos
depois que nossa voz se calar.
E restarão nossas palavras,
e restarão nossas verdades.
E tudo o que fizemos
e tudo o que perdemos
não morrerá ao nosso lado,
mas se perpetuará.

Lute.

Porque lutar é a forma mais justa de vencer.  

segunda-feira, 11 de maio de 2015

venha

Quando vier,
venha apenas com o que você é,
não traga histórias, verdades ou mentiras,
nem traga novas estradas ou novos amigos ou novos mundos
nem sonhos mirabolantes
traga apenas um sorriso
e nada mais será preciso criar.

Se vier,
não venha por algum motivo
ou desejo,
apenas venha e fique o quanto quiser
e vá quando for preciso,
mas nunca fique ou vá por mim,
apenas fique e talvez vá comigo.

Quando vier,
não seja quem eu espero que seja,
só chegue perto
nada mais é preciso
todas as coisas acabam porque simplesmente existem,
então que não exista nada,
apenas estejamos em qualquer lugar
e não haverá nada, e nada acabará.

Se vier,
não venha rápido,
fuja do tempo e demore mais do que ele
pra que nenhum momento aconteça antes de acabar,
e nunca acabe sem acontecer;
e que tudo venha
e que tudo passe
e que tudo permaneça lá
e não diremos nada eterno
apenas encostaremos as mãos algumas vezes
isso basta.

Então venha,
porque não sei receber você,
mas já estou aqui
e é só o que precisa para chegar
e se um dia eu for,
levarei seu cheiro grudado à poeira que os meus passos irão criar
e levarei as melhores memórias
de tudo o que não existe
e se vier,
siga a poeira
que podemos ir juntos
apenas guiados por memórias do que não existe
por palavras nunca ditas,
por histórias nunca contadas;
mas teremos sorrisos, mãos
e saberemos ir.

Quando vier,
feche os olhos e saiba chegar até mim
porque já estou indo,
e só tenho poeira e memória alimentada por nada,
falta uma mão
e o universo inteiro caberá nos meus passos.  


sábado, 28 de março de 2015

Não sou só.
Sou só
palavras
e por isto sou maior do que tudo e todos
e não caibo em lugar algum
e sempre preciso sair
até dos corações
não tenho fé
tenho apenas verdade
não tenho medo
apenas sei por onde ir
não temo os meus desejos
sou pleno em lealdade
não tenho orgulho em demasia
tenho coragem
não preciso de guias
sou a fonte do meu conhecimento
sou tudo
em tudo
com tudo
por tudo
e por isto o mundo e os homens do mundo são pequenos
homens de grande fé
e pouco conhecimento
e nenhuma verdade
e não recebo mensagens
sou as palavras
e não abandono
sou todos
o tempo todo
em um tempo que não existe
e por isso me deixam só
porque sou só
o único conhecedor da imortalidade
em um mundo de homens que buscam um amor imortal
desde que não pese para carregar
imortais não sentem peso
amor não pesa
ou melhor,
pesa nos ombros egoístas que acreditam
na existência de um eu individual
e querem estar só consigo,
por medo de transcender à luz
sou só
luz que não ilumina
porque não preciso me mostrar
e falo  única verdade
e se sou o estranho
não é porque sou estranho
é porque todos os outros são cegos
e se amo
você não entenderá
por isso amo só amo e mais nada
e essa é a palavra mais mal entendida dessa gente
que busca no que acreditar
e teme seu corpo
e teme o corpo do outro
e teme o vento
e teme compartilhar
e teme renunciar a si mesmo em favor do outro
não renunciar se sentindo bem
mas apagando os próprios sentimentos e desejos para purificar a alma
se é que terão alma um dia
pobres
pequenos
crédulos
egoístas e mentirosos
que criam o deus
para clamar para si
querem ter a sua vida
como se a vida fosse de alguém
doentes da verdade
cegos de olhos arregalados por pavor
pequenos
menores que as minhas palavras
não sou só
sou tudo
e tudo não serve para os homens comuns
fique só
sem nenhuma palavra depois
e encha o buraco com mentiras
fique só
sem nenhuma verdade
e acredite na voz do além ou do céu ou de qualquer lugar
fique só
seja só
ame só
sem nenhuma palavra depois
queira tempo
peça tempo
e se vá
vá esperar o tempo se escravizar e te responder
porque eu sou o tempo
e o tempo é tudo ao mesmo tempo que não existe
por isso somos eternos
somos só
tudo o que já existiu

sou eu. 

domingo, 22 de março de 2015

O Homem que não Canta

O homem que não canta
tenta inventar músicas para acalentarem seus ouvidos.
tenta aprender a tocar instrumentos musicais
para isso o ajudar a cantar,
mas a voz agarra e tudo fica um horror.
O homem que não canta
gosta música e musicais,
gosta de sons, sabe ouvir bem,
principalmente quando ele canta mal.

O homem que não canta
não tem o direito de amar,
não porque não canta,
não porque seja mal,
na verdade,
ele não sabe o motivo.
Ele até tentou cantar, mas não consegue.

O homem que não canta
fala de amor e sabe que ele liberta as almas do medo,
mesmo que a sua estema presa e amedrontada,
ainda assim ele não se cala,
pois calar não traria a paz, apenas a afastaria,
o homem que não canta não serve para cantar,
e talvez não sirva para muita coisa,
ou para muitas pessoas,
mas serve para seus bichos de pelúcia
que têm mais vida que muita vida à sua volta.

O homem que não canta
não canta e está só.
Pensando tentando não pensar,
não cantando e não mais tentando cantar...
porque ele é o homem que não canta
e se não canta
não canta.

O homem que não canta
não canta
só escreve

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Nunca passei de um filho da solidão que eu prego não existir,
dentro de mim há um peito cravado das palavras que escrevo
me dizendo que o tempo passa despercebido por mim
sem me levar, e também sem me deixar parado.

Conheço a função das lágrimas, conheço a função das mãos,
e apenas desconheço como controlar as mãos que escrevem palavras,
pois desconheço o sabor das lágrimas no rosto,
embalado pelo calor do frio que roça a minha pele quando estou aqui.

Me sobra tempo, me sobram histórias, me sobra poesia
pra dizer que não sei levar tudo onde eu quero que vá,
porque desconheço o caminho e caminho só.

Me abstenho da forma, digito um soneto padrão;
porque assim posso me perder dentro da minha verdade
e ainda dizer, a arte não deve ser alimentada só de solidão.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

E se passa

Quando o sol brilhar
contemple a noite que chega com suas vozes intensas,
ria das estrelas e veja os mundos que ainda não conhece;
porque o se passa é o caminho que somos incapazes de conhecer.

Quando a fé tirar os seus companheiros,
até mesmo os mais leais
entenda que eles só queriam ouvir a voz da divina palavra
vinda do que eles não viram e fizeram força para acreditar,
afinal a verdade deve ser una e não pode pertencer ao simples humano em corpo,
deve pertencer àquele que fala com retórica sem chegar a nenhum lugar,
pela boca de ninguém,
porque o tolo que busca a elevação não se torna ninguém.

Quando o medo for o combustível e a incapacidade formar seus seguidores,
siga sozinho porque a escuridão da noite que brilha
ama os solitários e dá a eles o poder da criação.
E suas mãos escrevem
o que as palavras esqueceram em você.

E quando os deuses, os grandes guias
se aproximarem de você,
não duvide, ria da fraqueza de suas almas que se acham escutadoras da palavra do deus
e levam consigo mentes pobres, corpos escondidos e almas doentes,
e que bom que são doentes, porque assim eles têm a quem tentar curar.

E quando o dia chegar,
lembre-se da noite
e saiba que ela não abandona os verdadeiros humanos,
os que sabem que se todos somos um,
não há guias, ou falas transmitidas através da matéria,
ou santos, ou milagres, ou deuses, ou demônios,
ou do que você quiser chamar aquele em quem acredita.
Se somos um eu posso tudo, sem que ninguém me diga.

Mas os doentes não têm coragem de olhar para a verdade
e sim, existe uma verdade,
ela não está diluída, um pedacinho em cada roda religiosa.
Ela existe e rodas ou templos decidem apenas sua pobre forma de não olhar par ela.
Que são muito parecidas, apenas disfarçadas de discursos com cores diferentes.

Então,
é preciso que fiquem doentes para que os seus líderes acalantem os seus corações,
para que os amem e os sigam,
como ovelhas guiadas por um pastor,
um salvador,
sem o qual você, pobre e pequeno ser sem identidade,
estaria perdido nos seus pensamentos e traumas,
sem que eles fossem inconscientemente tratados e isto mudasse você,
sem que perceba;
graças ao divino guru a quem você tem certeza, sempre teve é o que acredita,
estava destinado a encontrar.
Aquele que algo dentro de você faz saber e acreditar que é o seu caminho.
O mesmo algo que faz doente.
É. Seu algo é mesmo confiável. Claro que deve confiar na intuição de alguém
incapaz de cuidar da sua cabeça sozinho,
alguém incapaz de acreditar em si mesmo,
alguém incapaz de tornar verdade a sua força interior,
alguém incapaz de controlar seus pensamentos,
alguém incapaz de saber se é guiado por outro ou não,
alguém incapaz de enfrentar seus fantasmas,
alguém incapaz de desobedecer qualquer ordem,
alguém incapaz de acreditar em si mesmo e em sua grandeza,
alguém incapaz de se olhar e confiar;
mas, quando encontrar seu templo e seu guru, terá uma certeza feroz e os defenderá
mesmo que isto custe a vida de outros.
Porque você é incapaz de tudo,
menos de duvidar do discurso desencaminhado do ser intangível.

Quando a noite chegar.
Eu não serei cego.
Eu não serei o seu guia.
Eu irei.
Porque não sou incapaz,
não tenho líder,
não tenho círculo ou templo,
não aprendi uma forma de não ver da verdade.

E quando você não puder mais me entender,
perderá a minha criação,
que é tangível e esteve o tempo todo depositada sobre suas mãos
para buscar a fé na criação guiada pelo divino fluido ou tão superior que te mantém longe.
Ou mantém como marionete incapaz.

E se passa,
é, o tempo passa
e deixa preso ao tempo quem não quis ver o que ele é,
é tangível,
tem sabor, cor, cheiro, gosto, corpo...
E se passa,
é, a arte passa e acaba quando a tememos.
E tem mesmo que passar
e levar com ela só os capazes,
pois só eles podem entender e transformar a criação.
E criação não é distante de nós,
você mora dentro dela, pisa sobre ela, e se alimenta dela,
e adoece fugindo dela.

E se passo,
sim, eu passo
porque vou,
criar é ir, conhecer caminhos,
com medo ou coragem, mas sempre ir
como o tempo, que de tanto ir,
tornou-se tudo.