quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Estranho

Estranho como um homem como eu,
que conheço muita gente, muita mesmo;
consigo sentir saudade apenas de uma pessoa,
todos os dias...

Estranho como eu me sinto
cada vez mais distante
enquanto tão perto,
por vezes tão intenso
e sempre é tudo tão calmo,
deliciosamente calmo...

Estranhos os meus olhos enfeitiçados
pelos seus sorrisos
e meus ouvidos pela sua voz.
Estranho desejo,
estranho silêncio...

Estranho como minha poesia é toda sua
há tanto tempo,
e não sei por quanto tempo,
talvez prá sempre se me for permitido...

Estranho eu fazendo poemas no blog
sem usar a caneta
sem precisar da lua,
ou de mais nada.
Estranho, porque tudo o que preciso já tenho;
mesmo que um dia acabe,
valeu cada segundo...
e que os segundos sejam eternos...

É estranho eu falar de amor todos os dias,
mas é que ainda não tenho certeza
se posso passar a usar seu nome em meus poemas...
estranho como você ainda está perto de mim,
sei que não sou do tipo que se apresenta à família,
sou só do tipo que se lê,
porque escrevo todos os dias...
todos mesmo...
talvez só porque sei que você irá ler...
e isto me basta...

A única coisa que não me é estranha
é o fato de eu ter me perdido
de amor por você,.,.,
Socorro! olha como já estou escrevendo...

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Boa noite

Boa noite minha linda,
porque nesta noite não me importa saber do tempo
que não existe mais,
não sei as horas,
não conheço meu destino
não escuto as minhas palavras
porque não preciso de mais nada.
Não fui à janela ver a lua,
não sinto calor ou frio
nem a perna queimada pelo sol de ontem...
tudo é silêncio e paz dentro de mim,
tudo é segredo,
tudo é desejo.

Depois de ter me visto em seus olhos
não me importa mais o tempo,
os segredos,
as verdades,
ou sequer a eternidade;
o que me importa é querer ver-me
mais uma vez em seus sorrisos
e acreditar que sou eu mesmo
que consigo arrancá-los de você.

Boa noite minha querida,
que ainda me resta muita noite,
e minha caneta me fará companhia,
silenciosa e fiel,
ajudando-me a escrever e
a me lembrar de você.
Todas as minhas palavras serão suas,
mesmo antes de eu as escrever
pois elas vêem de um lugar bem fundo,
e bem no fundo tudo pertence a você.

Boa noite pessoa incrível
que roubou os meus sonhos
e me devolveu inspiração.
Boa noite meu anjo lindo,
cheio de sentidos e silêncios,
infinita a noite
e infinita a poesia...
infinito o meu coração.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

hoje

Hoje quando eu vinha pra casa, voltando do rafting, vi o sol se esconder atrás de muitas nuvens que, com um buraco para baixo, projetavam uma luz âmbar linda. Fiquei encantado com a beleza. Ao chegar em minha rua, vi ele se escondendo atrás das montanhas e projetando reflexos que faziam listras azul clara subindo em direção ao infinito (coisas que só se consegue ver aqui bem do alto). Fico pensando que, posso transformar tudo isso em poesia e um dia não me lembrar mais das imagens que vi nem do que senti quando as vi. Sempre tive essa força, talvez não seja esta a palavra certa mas é a que me ocorre no momento, sempre pude transformar os sentimentos em palavras e deixar que desaparecessem de mim. Hoje eu me pergunto o quanto eu gosto disso. Posso criar os sentimentos para a minha poesia e toda a minha literatura. Mas para a minha vida nunca os pude criar. E não quero.

O mundo está mudando rápido. As pessoas estão mudando muito rápido. Ficamos parados, olhamos, mudamos com eles; e tudo acontece como se não tivéssemos o poder de mexer nas coisas. Não temos realmente, mas temos o dever. Minhas palavras são as minhas asas e meus atos a minha segurança de o que e quem eu sou. Ficamos parados diante das adversidades, ficamos lentos e festivos demais... a cada dia olhamos mais para dentro e deixamos a vida perdida, e olhando para dentro de uma forma egoísta não enxergamos nossas verdadeiras essências, nossas verdades. Porque tudo o que somos está ligado ao que fazemos, dizemos e acreditamos, e, principalmente, ao que sentimos.

Se posso falar de amor? Qualquer tipo de amor só existe quando aceitamos que não precisamos ter o controle e o descontrole de tudo. Que não precisamos jogar tudo pro alto, que não precisamos ter medo... não é preciso nada, apenas respirar bem fundo e deixar que a vida faça o resto. E quando sentimos esse amor que penetra nossos olhos vemos o mundo de uma outra forma. Mais real, mais intensa... e brincamos de ser anjo, numa brincadeira tão sincera que se torna realidade. Podemos muito, devemos muito e precisamos de muito mais... tá tudo quebrado, tá tudo confuso e somos nós os responsáveis por cada segundo de vida. Por cada sonho que se desfaz, por cada coração que se encerra em ódio e angústia. Há uma vida muito intensa dentro de cada um de nós que podermos esquecer se nos limitamos a ver apenas o que acreditamos conhecer. Somos falíveis em medo, insegurança... somos crianças perdidas que não erguem a cabeça por medo de ver o que deixou ser criado.

Ao erguer os meus olhos vi o sol que desenhava no céu e na terra, vi o amor que acreditei estar escondido em mim e nunca esteve escondido, mas escancarado. Vi o tempo que passa rápido e a humanidade cada vez mais impiedosa, cada vez menos amor. Sou filho do tempo, herdei dele as palavras. Que seja eterna a minha poesia, mesmo que ninguém a leia, que seja eterna a minha verdade, mesmo que ninguém acredite nela. Que seja eterno o meu amor, mesmo que que só meu; e que eu seja eterno quando sei que posso criar e recriar tudo, até o que está estragado, mesmo que não queiram que eu o faça.

Aos que lerem isto, desculpem a forma confusa como coloco as minhas idéias. Com minha cordialidade, fico grato que tenham lido..

Trajano Amaral

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Linda

Linda,
se eu pudesse eu roubaria um pedaço da lua
que está tão perto de mim
pra poder te dar...
mas minhas mãos não alcançam a lua,
espero então que minhas palavras alcancem o seu coração,
que meus beijos alcancem seus lábios,
e que nossos sorrisos se encontrem à luz da lua
imóveis e eternizados em nossos olhares.

Linda,
se eu conhecesse os seus sonhos
eu os realizaria, um a um,
só pra ver sua alegria a cada vez que os entregasse a você.
Não conheço os seus sonhos,
não desvendo os seus segredos,
não invado o seu mundo,
mas me permito invadir sua poesia
e deixar que a minha seja invadida por você;
e assim,
dedico a você meus sonhos,
meus segredos e meu mundo...

Linda,
se o amanhã for tudo o que construímos
já não preciso mais de um amanhã,
me basta apenas o hoje
por saber que em breve estarei ao seu lado de novo,
que seja por poucos minutos,
num ponto de ônibus,
num bairro distante...
me basta saber que você está em algum lugar...

Linda, minha linda (se é que posso chamá-la assim)
estou ao lado de uma janela
e em algum lugar está você,
e em algum dia estaremos nós dois...
sei que o amor não é uma palavra pra ser usada corriqueiramente,
mas quem disse que os poetas respeitam as regras?
Palavras são palavras,
o significado está no cheiro que elas têm,
e quando escrevo a você
todas as palavras cheiram a amor...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Festa de Aniversário

O cheiro do doce foi profundo e deixou Pedro com água na boca. Mas estava cedo e ele não podia começar a comer antes de todos os convidados chegarem. Foi à janela para ver as crianças que chegavam. Logo foi possível escutar o barulho das que cruzavam a sala atrás dele, correndo, gritando e sorrindo. Pedro então foi para a outra janela, ainda maior e ainda mais bela. Havia muito cheiro de guloseimas, mas ele conseguiu sentir apenas o cheiro da luz que já despontava imponente e solitária mesmo antes do sol se pôr por completo.

Festas de criança são mesmo meio chatas, mas em família tudo tem o seu valor. A luz incomodava os olhos e os ouvidos de Pedro que escutava o seu canto silencioso. Estava confuso. Estava certo de tudo. Este era Pedro, desencaminhado, quieto, silencioso. E a festa começa. Ele conhece os convidados, os trata com simpatia admirável; sorri. Serve. Come. Mas Pedro ouve sempre o canto silencioso da lua, que não cessa. Falta alguma coisa, e ele sabe disso. Talvez falte alguém e por isto Pedro se sinta tão sozinho, por isto talvez ele se sinta tão atraído pela lua.

Crianças correm, caem, se molham de refrigerante. Pessoas conversam, riem. Pedro também ri quando vê alguém se sentar num prato de salgadinhos. Uma estranha agora, já há estranhos na festa. Todos se tornam estranhos, se tornam vultos, se tornam vozes. Mas Pedro enxerga um rosto, um único cheiro, um único sorriso e um único toque nas mãos.

Sozinho, Pedro tenta sentir o cheiro de bolo, canta parabéns, chama de puxa saco pelo primeiro pedaço, come, passa cobertura de bolo em alguém, mas a brincadeira não se estende. Pedro não queria estar só, mas não teve escolha, não soube convidar. Pedro respira. Pedro sorri. Pedro descansa um pouco em seu quarto.

O silêncio lentamente se aproxima. A festa termina. Pedro come salgadinho frio e bolo amassado guardado num pote de plástico. Todos dormem. E Pedro vai outra vez à janela. Ele e a lua se olham. Ela canta para ele e ele escreve nela.
"Não é que eu não saiba exatamente o que eu sinto,
é que os verdadeiros sentimentos não precisam
ser compreendidos" - Pedro

A janela se fecha. Ele desce com um pote de salgadinhos frios e vai para o quarto dormir...

noite...

É, a noite tá linda... meu céu tem muitas estrelas
bem próximas de mim...
ela me pediu poesia,
dispenso a noite, dispenso as estrelas,
preciso apenas de sua voz em meus ouvidos
de sentir sua respiração contra o meu corpo,
seu cheiro...

Sei que são vãs as poucas palavras,
histórias rodeadas de histórias, de percepções...
a noite sempre surge bela e aguarda poesia
e a poesia se desponta em meio às estrelas
e aos seus sorrisos,
pois como diria o colega,
“o que pode uma criatura, senão entre criaturas amar”

Os poetas sempre se perdem em meio às palavras
e estar perdido não traz pressa,
traz intensidade...
as palavras se delineiam em gestos, toques e abraços,
de tudo que um dia não se sabe quando vai acabar,
ou quando vai começar;;;
sinceras palavras, antecipadas palavras...
escritores se antecipam ao tempo e à verdade...

Gosto de escrever nas estrelas, escrever na lua,
poemas que escreveria em sua pele,
e que não precisam ser escritos em mim...
gosto de jogar a vida prá cima e deixar que ela despenque
da forma que for,
que caia e se levante diante de meus olhos abertos ou fechados.

A noite é sempre linda
e espero que as estrelas que me vêem
estejam vendo você,
sorrindo prá você e trazendo seu sorriso prá mim....
se você me pede poesia,
que se faça a poesia,,,

Escrevemos ao mesmo tempo, um lendo o outro,
em nossos blogs,
o que vem de algum lugar, que talvez saibamos de onde,
ou talvez jamais venhamos a saber.
E jogar-me no desconhecido, é algo admirável...

Aguardo seu poema assim como aguardo minhas últimas palavras,
são palavras que me encantam
vindas de um coração ainda desconhecido, inibido...
aguardo a resposta das estrelas
as palavras que trazem prá que eu finalize o poema,
mas as estrelas não falam, e não vou plagiar suas palavras,
me inspiro, me refiro a você de forma direta e nem um pouco sutil...
me escrevo e reescrevo em inúteis versos,
me encontro e desencontro em meus desejos,
me recomeço, me aventuro, me despeço de prisões e de perdas.
Alço vôo, mesmo não sabendo como pousar...
porque corro o risco de ter que voar para sempre...

E me despeço em palavras,
terminado o poema...
e deixo um beijo encantado,
da cor das estrelas e com o cheiro da lua,
que toca seus lábios
e se desmancha em luz...

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pra que ter pressa
se o tempo pra mim passa tão rápido
que não consigo pensar em respirar
sem me lembrar de você.

Pra que ter histórias pra contar
se vivo, de forma torta
a minha história predileta.

Não consigo me esquecer dos minutos que ficam gravados,
e são repetidos... repetidos... repetidos... repetidos...
e de quantos minutos faltam pra te ver novamente.

Mais um soneto que achei que os tinha esquecido como fazer.
Pequeno poema pra um sentimento de proporções desconhecidas...
algo que já temo que seja amor
e coube em pequenos catorze versos.