domingo, 14 de fevereiro de 2010

hoje

Hoje quando eu vinha pra casa, voltando do rafting, vi o sol se esconder atrás de muitas nuvens que, com um buraco para baixo, projetavam uma luz âmbar linda. Fiquei encantado com a beleza. Ao chegar em minha rua, vi ele se escondendo atrás das montanhas e projetando reflexos que faziam listras azul clara subindo em direção ao infinito (coisas que só se consegue ver aqui bem do alto). Fico pensando que, posso transformar tudo isso em poesia e um dia não me lembrar mais das imagens que vi nem do que senti quando as vi. Sempre tive essa força, talvez não seja esta a palavra certa mas é a que me ocorre no momento, sempre pude transformar os sentimentos em palavras e deixar que desaparecessem de mim. Hoje eu me pergunto o quanto eu gosto disso. Posso criar os sentimentos para a minha poesia e toda a minha literatura. Mas para a minha vida nunca os pude criar. E não quero.

O mundo está mudando rápido. As pessoas estão mudando muito rápido. Ficamos parados, olhamos, mudamos com eles; e tudo acontece como se não tivéssemos o poder de mexer nas coisas. Não temos realmente, mas temos o dever. Minhas palavras são as minhas asas e meus atos a minha segurança de o que e quem eu sou. Ficamos parados diante das adversidades, ficamos lentos e festivos demais... a cada dia olhamos mais para dentro e deixamos a vida perdida, e olhando para dentro de uma forma egoísta não enxergamos nossas verdadeiras essências, nossas verdades. Porque tudo o que somos está ligado ao que fazemos, dizemos e acreditamos, e, principalmente, ao que sentimos.

Se posso falar de amor? Qualquer tipo de amor só existe quando aceitamos que não precisamos ter o controle e o descontrole de tudo. Que não precisamos jogar tudo pro alto, que não precisamos ter medo... não é preciso nada, apenas respirar bem fundo e deixar que a vida faça o resto. E quando sentimos esse amor que penetra nossos olhos vemos o mundo de uma outra forma. Mais real, mais intensa... e brincamos de ser anjo, numa brincadeira tão sincera que se torna realidade. Podemos muito, devemos muito e precisamos de muito mais... tá tudo quebrado, tá tudo confuso e somos nós os responsáveis por cada segundo de vida. Por cada sonho que se desfaz, por cada coração que se encerra em ódio e angústia. Há uma vida muito intensa dentro de cada um de nós que podermos esquecer se nos limitamos a ver apenas o que acreditamos conhecer. Somos falíveis em medo, insegurança... somos crianças perdidas que não erguem a cabeça por medo de ver o que deixou ser criado.

Ao erguer os meus olhos vi o sol que desenhava no céu e na terra, vi o amor que acreditei estar escondido em mim e nunca esteve escondido, mas escancarado. Vi o tempo que passa rápido e a humanidade cada vez mais impiedosa, cada vez menos amor. Sou filho do tempo, herdei dele as palavras. Que seja eterna a minha poesia, mesmo que ninguém a leia, que seja eterna a minha verdade, mesmo que ninguém acredite nela. Que seja eterno o meu amor, mesmo que que só meu; e que eu seja eterno quando sei que posso criar e recriar tudo, até o que está estragado, mesmo que não queiram que eu o faça.

Aos que lerem isto, desculpem a forma confusa como coloco as minhas idéias. Com minha cordialidade, fico grato que tenham lido..

Trajano Amaral

Um comentário:

  1. "Aos que lerem isto, desculpem a forma confusa como coloco as minhas idéias".
    Tenho certeza que cada palavra foi pensada e tem um pq. Ficou ótimo! Bjs

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