Já me disseram que sou forte como uma rocha,
intenso como um trovão;
mas nunca fui nenhuma dessas
coisas,
sou volátil como uma gota de orvalho
que desaparece ao menor sinal da
luz do sol.
A rocha fica sempre no mesmo
lugar, sendo a mesma rocha
o trovão é apenas um barulho do
raio que já se foi;
a gota de orvalho estará sempre
lá,
cada dia em um lugar, de uma
forma,
nunca repetida, nunca
completamente desaparecida.
Sou como a gota de orvalho
que existe e deixa de existir
todos os dias
e em seu vai e vem, torna-se eterna
na efemeridade de se refazer
constantemente
e nunca ser a mesma, porque uma é
todas.
Somos vários aqui dentro
um poeta que quer dançar ao invés
de escrever,
um roteirista que flutua entre
personagens sem rosto,
um escritor sério que planeja as
palavras do futuro
ou moço do palco que quer ser
visto, ouvido e compreendido,
o menino apaixonado que parece
nunca envelhecer
jogando consigo mesmo para ser o
motivo da existência de todos;
porque todos somos um, perdido na
multidão de nós mesmos.
Eu existo por pouco tempo
amanhã serei outro
genial, louco, ou cheio de timidez
eu nunca sei dizer quem virá
porque o que me faz ser eu mesmo
é a incerteza
criada pelos fragmentos do que existe
dentro de mim.
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