Não tenho cidade
não tenho memórias
não tenho rastros deixados
não tenho história construída;
apenas histórias contadas e
palavras que são levadas pra longe
dentro do esquecimento de cada um.
Não há um caminho a ser seguido,
uma memória a ser guardada,
tudo o que sempre me restou
posso carregar numa bolsa
e o destino
é tão ingênuo
que pensa poder me guiar.
Não sou guiado por nada
pois de nada
se constrói meu mundo.
Me resta apenas ir.
Ir e não deixar que as palavras fiquem
em um mundo que nunca se atreveu
a olhar para elas
nem mesmo para maltratar.
É hora de ir para o infinito,
porque o tempo perdido
em meio aos ninguém
é perdido da eternidade.
Com a mala pequena,
vazia de memórias e pessoas
poderei livremente
caminhar sobre as palavras...
domingo, 21 de outubro de 2012
domingo, 22 de julho de 2012
A verdade é que não da pra ser forte diante do espelho de
mágoas
escurecido pelo metal frio que compõe as nossas almas.
A verdade é que preferimos cerrar nossas bocas e não sentir
o cheiro das imagens perdidas diante de nossos olhos
embaçados por tantos gritos sem qualquer sentido ou destino.
A verdade é endurecedora de palavras e reconta sentidos
porque os sentidos sempre foram perdidos
na busca por ilusórias menções de quem somos.
Somos parte de uma verdade mais lenta
que corre pelos cantos escuros buscando uma saída
de dentro do medo e do silêncio mortal de nossas
atitudes sem perspectiva de paz.
De verdade somos feitos para buscar um caminho
rumo à eternidade
e com isto entender o tempo que passa discreto
como o ar que se recolhe em nossos pulmões a cada segundo.
Mas na verdade,
não sabemos nada a respeito de quem somos,
do que fomos e para onde iremos.
E caminhamos cegos em meio a tantos espelhos
que exibem nossos rostos e então
manchamos nossos olhos e nossas verdades
para turvar nossos olhares e compramos
apenas o desejo inútil de seguir o fluxo
de um sistema falido.
E a verdade,
fica escondida nas sombras aguardando um olhar de luz.
quarta-feira, 6 de junho de 2012
O Sonho
Um dia um menino sonhou que seria
por algum motivo desconhecido ou
nunca revelado,
aquele de que todos já haviam
falado
o mais feliz do mundo.
Por um tempo o menino desacreditou
das lendas contadas
e esperou que a tormenta
chegasse
para enfrentar as batalhas
terríveis;
ele sabia que as enfrentaria
sozinho e começou
a buscar os desafios e jamais
parou,
porque seu destino brilhava em
seus desejos.
O menino precisava aprender,
sonhar não bastava. Era preciso
mais, era preciso sabedoria.
Ele então sonhou e construiu seu
caminho
em meio a seres venenosos que
tentavam inanimar suas verdades;
verdades que se construíram
palavra a palavra.
E o menino não era mais um
menino, era um homem.
E o homem passou a sonhar que
seria
o mais inteligente de todos,
sem dúvidas, sem mentiras, sem
medos ou assombrações.
Caminhou por caminhos difíceis,
enfrentou inimigos desonrados,
consertou as dores dos que
estavam perdidos.
Fez crescer sua alma e toda sua
verdade construída.
Era um artista,
artista da palavra,
da dramaturgia...
o sonho de menino nunca se foi.
E então um dia ele viu um sorriso
se aproximou do sorriso
o sorriso telefonou
ele conversou com o sorriso
o sorriso se aproximou
sorriu ainda mais
sorriu de novo
e o menino se encontrou
apaixonado
então o sorriso deu as mãos ao
menino
que neste dia sabia
que a felicidade existia
e começou a escrever a história
mais linda de todas
a história de amor que não tinha
mentiras
um sonho que se materializava em
palavras
sorrisos
e eternidade.
Um sonho chamado...
Feliz aniversário meu amor...
A festa já começou.
quarta-feira, 30 de maio de 2012
No dia em que eu nasci choveu muito,
uma chuva muito forte, muito intensa.
Deve ser por isto que a vida toda eu andei de braços dados
com a incerteza;
não aprendi a caminhar sobre as águas,
mas mesmo com os pés inundados eu nunca volto para trás
ou deixo de seguir o meu caminho.
No dia em que eu nasci
o vento era forte demais e deve ter jogado muitas coisas
para longe;
talvez por isto eu tenha palavras e personagens que serão
soprados além do infinito.
Porque os personagens nascem ao som da minha voz
e a minha voz só se contentará
ao alcançar o universo...
Pode ser que a chuva em meu coração pare um dia
e que não hajam mais águas a inundar meus caminhos,
ou que o vento sopre ameno e silencioso.
Contudo,
minhas palavras ainda serão infinitas,
porque aprendi,
no dia em que eu nasci,
que a única força que tenho é aminha vida,
e não há vida em mim se não houver a minha arte.
No dia em que eu nasci
Nascerão infinitos personagens;
um a um, palavra por palavra...
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Tomara o dia em que o sol se acenda devagar e não queime meus olhos
e neste dia eu poderei ver muito além do que
enxergam as minhas palavras e
o meu conhecimento limitado às verdades que pude descobrir durante a vida.
Espero que o tempo seja gentil e fraterno e me permita, a tempo,
consertar as insanidades cometidas nos dias frios à minha memória,
dentro dos quais não pude reconhecer a verdadeira face da eternidade,
e desse modo, me pus a procurar saídas de onde eu nunca estive.
Que as minhas mãos encontrem o toque perfeito
sem o tato passageiro das sensações pequenas
e possam com isto sublimar os desejos em verdades purificadas.
Que minha força exista além de meus esforços preguiçosos
e alcance a medida certa para transmitir meus desejos escondidos
através de um singelo soneto de palavras sutis.
sábado, 1 de outubro de 2011
Misturada
Hoje o meu poema vai ser em prosa porque se for em versos eles irão se perder em metáforas ilegíveis e soltas nas janelas do tempo e do entendimento. Vi a lua cortada ao subir o morro, ela não me respondeu sequer uma palavra e então tive que buscar um conhecimento que não consigo atingir, experimentar ou sequer visualizar. Não entendo porque o tempo passa mais devagar para o amor e é imediato para a diversão. Não entendo porque o amor tem que pedir tanto o que a diversão ganha sem pedir, ela tem o direito de pegar. Não entendo porque é preciso ensinar ao amor que não se pede, se faz. Vivemos nos epílogos, próximos ao fim, construímos sentenças desmontáveis e de estabilidade efêmera para que tudo termine e tudo seja perdido, talvez porque não saibamos encontrar e assim tentamos reencontrar, mas para isto é preciso sempre perder. A diversão tem concessões que o amor jamais terá e se encontra num patamar mais elevado dos desejos humanos, quanto mais nos divertimos mais a queremos e mais mergulhamos nela e a falta sempre leva a explodir. Ela acontece nos ambiente propícios, já o amor, torna-se um ambiente propício para se descansar o desejo e dormir, pensando no que se poderia estar fazendo. E damos à diversão o direito de ser este sonho. E quanto ao amor, quanto mais amamos mais ele pode ser deixado quieto para que outras coisas aconteçam, perde a prioridade, perde o calor e jamais irá explodir. Pra quem se diverte a agressividade e o desejo de caça é uma qualidade que salta aos olhos, já para o amor é uma insistência chata sujeita aos “nãos” constantes, que são cada vez mais constantes, sempre mais, sempre mais fácil dizer, sempre mais fácil ouvir. O amor cresce na medida em que crescem as privações, num ritmo intenso e incansável. Quanto mais se ama e se afirma o amor, menos se pode, menos se pede, menos se tem. O amor e o tempo deslizam abraçados em direção ao nada. Não ouvi isto da lua fina e silenciosa que me olhava, nem das palavras de alguém. Não ouvi nada. Apenas estou escrevendo porque não sei a relação do amor com a literatura, sei apenas que as palavras constroem e destroem com uma voracidade incontrolável e como eu gostaria de aprender apenas a construir mesmo que para isto fosse preciso que me deixassem destruir em demasia e sem defesa e sem coragem de gritar para que o peito possa na dor sucumbir o tempo e explodir em amor como nenhum foi capaz de explodir e por isto morreram indefesos, inglórios e subjugados. Minha cabeça está confusa. O amor sempre perde os seus direitos, por isto o tememos tanto. Ensinamos a ele que nos divertimos sem pensar, mas só amamos se tivermos certeza e segurança, no amor ninguém aposta sem saber o que está fazendo, pelo amor ninguém arrisca e se permite errar, o amor tem que estar embasado na certeza, enquanto pra tudo mais fechamos os nossos olhos e nos jogamos porque assim é bom, porque nos dá vontade e não sabemos explicar o que acontece. Não entendo porque nunca fechei os meus olhos e me joguei nas diversões deliciosas que todos desejam; talvez porque eu seja um escritor e ainda não encontrei uma forma de escrever de olhos fechados. Mesmo que as minhas retinas não sobrevivam, manterei os meus olhos abertos. De tão abertos vejo o amor sucumbir nos desejos que ele jamais realizará, ainda que banais e simplórios. Porque se ele é amor, ele sempre tem que entender. Estou jogado no amor, mergulhado na sua eternidade tentando recontar a minha história de uma forma diferente da humanidade inteira. Estou mergulhado nas palavras que me envolvem tentando que elas não deixem o amor se desviar pelos caminhos do esquecimento, e por isto são palavras, para que eu possa mostrar ao mundo tudo que tive a coragem de encontrar. Não aprendi tantas coisas, não experimentei quase nada do que o mundo me ensinou que era bom. Por isto eu posso amar sem restringir o meu amor. Sem dizer agora não. Sem dizer eu não sei. Eu nunca precisei saber se estava certo ou não. Temo que eu seja a única pessoa que só fecha os olhos e pára de pensar quando o amor chega, mas o mundo inteiro me convida a viver a diversão de olhos fechados e a dizer ao amor, espere um pouco, você é o amor, você pode entender. E assim, aprendemos a conduzir o amor a ficar descartado em um canto, porque isto é o certo a se fazer, e aprendemos a fazer o certo e o distinguir do errado. E um dia, todo amor se tornará uma lembrança tão silenciosa como a lua cortada que vi no céu; porque esta é a grande verdade, uma verdade que eu jamais serei capaz de compreender.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Quando os meus olhos não enxergarem mais
eu me lembrarei
não dos grandes feitos de que tive oportunidade
mas dos pequenos sorrisos que cultivei nas rodas de amigos.
Quando eu não puder ouvir mais o som da palavra
não sussurrará em minha alma os belos discursos ou os grandes poemas,
e sim as piadas sem graça
contadas na calçada ou
na mesa de um boteco feio.
Quando eu não entender mais o calor do sol
não me recordarei das praias turísticas
e sim dos goles de Whisky com bala de gengibre
que me deixaram acordado por três dias.
As bolinhas em meus olhos me contam
que o tempo passa
todos os dias.
O sol que vai e vem
me esquenta
às vezes demais
que encho a janela de pano preto.
A leve dor no joelho às vezes
não me deixa esquecer
que a vida é rápida
e se vai pra haver mais vida.
Minhas constantes palavras
cuspidas no ar que eu não enxergo
me dão o direito à eternidade
e não levarei para esta eternidade
a glória
e sim os pequenos desejos de cada dia.
Não preciso de um carro importado,
me basta rir de um maluco no ônibus.
Não preciso de uma mansão,
me basta uma geladeira, um fogão, um colchão e você do lado.
Não preciso que a minha escola tenha 10 andares,
me basta a confiança dos pequenos artistas.
Não preciso de etiquetas caras na roupa,
me satisfaço com uma meia colorida sob o sapato preto.
Tantas coisas eu não tive
tantas palavras eu encontrei.
Nunca guardei dinheiro,
nunca extravasei de tanto dançar,
nunca saí beijando um monte de bocas numa micareta (na minha época não faziam isto),
nunca fui numa chopada, numa churrascaria rodízio, num motel,
a única vez que passei vários dias em uma praia
era quente demais e eu ficava escondido do sol.
Nunca tive dinheiro suficiente para pagar todas as minhas contas...
Nunca bati em alguém
nunca enganei os sentimentos de outra pessoa
nunca roubei
nunca tomei um porre
nunca desisti dos meus sonhos
nunca me escondi por medo
nunca deixei o meu egoísmo conduzir minhas decisões.
Nunca aprendi a verdade que o mundo tentou me ensinar
porque esta verdade estava errada.
Nos ensinam a buscar o sucesso, a glória
e esquecem de fazer brotar os sorrisos despretensiosos.
A vida toda ouvi falar em carreira, crescimento profissional,
A vida toda falei em poesia.
As pessoas que vivem no mundo estão todas desordenadas.
E meus olhos todos os dias me lembram
que irei levar das pessoas apenas os gestos de delicadeza,
e que quando a luz cessar
me restará a paz
daquele que sorriu todos os dias...
eu me lembrarei
não dos grandes feitos de que tive oportunidade
mas dos pequenos sorrisos que cultivei nas rodas de amigos.
Quando eu não puder ouvir mais o som da palavra
não sussurrará em minha alma os belos discursos ou os grandes poemas,
e sim as piadas sem graça
contadas na calçada ou
na mesa de um boteco feio.
Quando eu não entender mais o calor do sol
não me recordarei das praias turísticas
e sim dos goles de Whisky com bala de gengibre
que me deixaram acordado por três dias.
As bolinhas em meus olhos me contam
que o tempo passa
todos os dias.
O sol que vai e vem
me esquenta
às vezes demais
que encho a janela de pano preto.
A leve dor no joelho às vezes
não me deixa esquecer
que a vida é rápida
e se vai pra haver mais vida.
Minhas constantes palavras
cuspidas no ar que eu não enxergo
me dão o direito à eternidade
e não levarei para esta eternidade
a glória
e sim os pequenos desejos de cada dia.
Não preciso de um carro importado,
me basta rir de um maluco no ônibus.
Não preciso de uma mansão,
me basta uma geladeira, um fogão, um colchão e você do lado.
Não preciso que a minha escola tenha 10 andares,
me basta a confiança dos pequenos artistas.
Não preciso de etiquetas caras na roupa,
me satisfaço com uma meia colorida sob o sapato preto.
Tantas coisas eu não tive
tantas palavras eu encontrei.
Nunca guardei dinheiro,
nunca extravasei de tanto dançar,
nunca saí beijando um monte de bocas numa micareta (na minha época não faziam isto),
nunca fui numa chopada, numa churrascaria rodízio, num motel,
a única vez que passei vários dias em uma praia
era quente demais e eu ficava escondido do sol.
Nunca tive dinheiro suficiente para pagar todas as minhas contas...
Nunca bati em alguém
nunca enganei os sentimentos de outra pessoa
nunca roubei
nunca tomei um porre
nunca desisti dos meus sonhos
nunca me escondi por medo
nunca deixei o meu egoísmo conduzir minhas decisões.
Nunca aprendi a verdade que o mundo tentou me ensinar
porque esta verdade estava errada.
Nos ensinam a buscar o sucesso, a glória
e esquecem de fazer brotar os sorrisos despretensiosos.
A vida toda ouvi falar em carreira, crescimento profissional,
A vida toda falei em poesia.
As pessoas que vivem no mundo estão todas desordenadas.
E meus olhos todos os dias me lembram
que irei levar das pessoas apenas os gestos de delicadeza,
e que quando a luz cessar
me restará a paz
daquele que sorriu todos os dias...
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