Então ele... desata as cordas e recolhe as velas
deixando que o ar não seja mais
capturado
no velho dorso das velas cansadas
levemente rasgadas de enfrentar furacões
e continuamente mover o pequeno
barco
ao contínuo encontro de ondas
ferozes.
Um pescador cansado parou de
arremessar a linha
que aprendeu a jogar ainda garoto
para se conectar com a vida que
girava à sua volta
vida que nunca quis olhar sobre o
barco feio
de madeira antiga e pintura não
muito aprimorada.
Ele pescou muitos olhos, muitos
sorrisos, muitos abraços,
pescou amores e paixões, amigos e
companheiros
mas sempre se sentiu sobre o
barco
protegido, ou isolado, onde linhas
nunca foram jogadas...
hoje ele veleja só, sem ser empurrado
pelo vento,
com ombros doloridos para ainda
lançar linhas
abatido, nunca requisitado como
amigo, apenas como pescador.
Nunca notado, nunca lembrado, ele
ergueu-se sobre o velho barco, ao pôr do sol
viu pararem as ondas e o oceano
tornou-se melancolia...
e verso a verso o pescador de
palavras se recolheu à solidão.
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