domingo, 23 de agosto de 2015

se o silêncio falasse

Se o silêncio contasse o quanto fui dilacerado
por não terem forças as minhas palavras
ele saberia o quanto não importa
que tudo acabe,
porque tudo foi tirado
e fico dilacerado em pedaços imóveis,
não mortos,
não ainda,
mas imóveis e completamente sem vida;
e estarem mortos,
seria apenas a saída mais bela e romântica,
por isso os pedaços não morrem,
eles agonizam em eternidade
nas mãos que cortam os desejos de forma sombria,
cheias de razão e destinos traçados a todos.
Se o silêncio falasse
eu apenas ouviria
porque tive minha boca calada pela aspereza
das mãos rudes e letais
que me tocam todos os dias.
Se o silêncio falasse
eu seria apenas dor;
e por isso o silêncio me fala todos os dias,
a todo instante,
porque não resta nada,
apenas o fim que ainda não veio,
apenas a decomposição de toda minha alma,
de toda a minha poesia.

E você poderá passar sobre mim,
como se eu não fosse nada,
como se eu nunca tivesse existido.
E serei seu.
E terei obedecido aos caminhos do mundo.
Porque não sou nada.
Por isso desisto
e deixo que minha alma morra perdida nos cantos,
por isso fico aqui,
permitindo que me rasgue,
esperando que a dor vá embora junto com a vida,
porque o silêncio não fala,

ele me deixa só ao lado de quem me mata todos os dias.  

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