domingo, 14 de junho de 2015

Elegia aos muros

Vai lá.
‘Vamos’ seria um convite. Não gosto de ir sozinho.
Mas é preciso entender que as histórias vão ser separadas
pelos que guiam os pensamentos e acreditam ver onde nunca olharam.

O abraço que não vem quando o dono está olhando
faz muita falta,
mas não viria. Nem tudo pode vir.

E jamais quero compreender porque as pessoas só fazem erguer muros,
muros para se fecharem ou para afastar os outros.
Muros construídos sobre a imbecilidade e a falta plena de amor,
amor que luta, morre, vença ou não a briga; mas não foge e morre de inanição.

A arte incompreendida,
apenas olhada como um adorno aos olhos ofuscados pela luz,
sem se poder ver as palavras óbvias dos movimentos;
pobre arte apresentada a tolos.
Como o simples pode estar tão longe de nós?

E sempre ouço me perguntarem o que eu quero.
Que apenas que exista só a sinceridade,
e que a verdade e a lealdade sejam nossos guias.
Quero que o medo de todos acabe.

Mas devo estar no lugar errado,
ou no mundo errado,
ou com as pessoas erradas.

Não quero abrir um vinho.
Espero que meus personagens não leiam isso, mas hoje não os quero escrever,
e estão aqui atrás de mim.
São a única verdade que conheço.
Nunca abandonam seus desejos e nunca deixam de viver sua verdadeira história.

Me encontro tanto com muros.
Vocês constroem tantos muros.
Não gosto de pular muros.
Também não fico escondido atrás deles.
Gosto de caminhos.
Muros me entristecem.
Caminhos me libertam.
Gostaria que todos fossem livres,
mas infelizmente preferem se esconder nas sombras dos muros
e deixar que tudo passe sem acontecer.

Há muito não escrevo elegias.
É que onde houver muros,
sempre ficarei de fora.
Seja qual for o tamanho do muro.
Seja qual for o tamanho da minha elegia.
Irei

mas irei na direção contrária aos seus muros...

Um comentário:

  1. Eu também!
    E o mundo seria bem "maior" do que é, se não fossem os "muros"

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