segunda-feira, 11 de maio de 2015

venha

Quando vier,
venha apenas com o que você é,
não traga histórias, verdades ou mentiras,
nem traga novas estradas ou novos amigos ou novos mundos
nem sonhos mirabolantes
traga apenas um sorriso
e nada mais será preciso criar.

Se vier,
não venha por algum motivo
ou desejo,
apenas venha e fique o quanto quiser
e vá quando for preciso,
mas nunca fique ou vá por mim,
apenas fique e talvez vá comigo.

Quando vier,
não seja quem eu espero que seja,
só chegue perto
nada mais é preciso
todas as coisas acabam porque simplesmente existem,
então que não exista nada,
apenas estejamos em qualquer lugar
e não haverá nada, e nada acabará.

Se vier,
não venha rápido,
fuja do tempo e demore mais do que ele
pra que nenhum momento aconteça antes de acabar,
e nunca acabe sem acontecer;
e que tudo venha
e que tudo passe
e que tudo permaneça lá
e não diremos nada eterno
apenas encostaremos as mãos algumas vezes
isso basta.

Então venha,
porque não sei receber você,
mas já estou aqui
e é só o que precisa para chegar
e se um dia eu for,
levarei seu cheiro grudado à poeira que os meus passos irão criar
e levarei as melhores memórias
de tudo o que não existe
e se vier,
siga a poeira
que podemos ir juntos
apenas guiados por memórias do que não existe
por palavras nunca ditas,
por histórias nunca contadas;
mas teremos sorrisos, mãos
e saberemos ir.

Quando vier,
feche os olhos e saiba chegar até mim
porque já estou indo,
e só tenho poeira e memória alimentada por nada,
falta uma mão
e o universo inteiro caberá nos meus passos.  


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