quarta-feira, 4 de novembro de 2020

o som da chuva

 Lá fora chove

eu ouço a música das gotas tocando as folhas das árvores.

Meu coração não pensa em nada,

minha cabeça não tenta sentir.

Meus olhos contemplam as paredes do meu quarto fechado.

O cheiro da chuva

invade o meu momento como notas finas de música e sabor.

Banhar-me hoje, lá fora,

seria frio como poesia guardada em gavetas,

esquecida em corações que não ouvem mais

quando uma gota de água toca o chão.

Então me lembro de você

e de como me aqueceria em um abraço delicado

como uma gota que rompe a gravidade e permanece pendurada à folha,

sem motivo

sem medo de cair

apenas saboreando o delicado e sutil momento.

E seu silêncio nesse momento

é música de quietude, feita para acalentar o fogo do meu espírito.

O som da chuva me embala como um sorriso agradável

e eu poderia escutar seu coração

na quietude da música silenciosa

nos pequenos instantes em que a água ainda está no ar.

Não terei meu corpo molhado e frio

também não o terei abraçado e aquecido.

Mas meu coração pode ouvir o barulho silencioso da eternidade

e aguardar feito a gota que não caiu da folha

o momento em que a música serei eu

caindo para ser som que embala corações.

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