Lá fora chove
eu ouço a música das gotas
tocando as folhas das árvores.
Meu coração não pensa em nada,
minha cabeça não tenta sentir.
Meus olhos contemplam as paredes
do meu quarto fechado.
O cheiro da chuva
invade o meu momento como notas
finas de música e sabor.
Banhar-me hoje, lá fora,
seria frio como poesia guardada
em gavetas,
esquecida em corações que não
ouvem mais
quando uma gota de água toca o
chão.
Então me lembro de você
e de como me aqueceria em um
abraço delicado
como uma gota que rompe a
gravidade e permanece pendurada à folha,
sem motivo
sem medo de cair
apenas saboreando o delicado e
sutil momento.
E seu silêncio nesse momento
é música de quietude, feita para
acalentar o fogo do meu espírito.
O som da chuva me embala como um
sorriso agradável
e eu poderia escutar seu coração
na quietude da música silenciosa
nos pequenos instantes em que a
água ainda está no ar.
Não terei meu corpo molhado e
frio
também não o terei abraçado e
aquecido.
Mas meu coração pode ouvir o
barulho silencioso da eternidade
e aguardar feito a gota que não
caiu da folha
o momento em que a música serei
eu
caindo para ser som que embala
corações.
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