Há momentos em que a poesia se senta em silêncio
ao lado do poeta
é quando a poesia se cala
as nuvens chegam e esfriam o dia
as palavras se tornam transparentes,
sutis momentos da alma que se cura
ou sobrevive
ou apenas está lá, consigo mesma
solitária, individual, silenciosa
diante de um mundo onde o lugar dos homens de verso
não foi reservado e fica ocupado
ainda que por lugares vazios.
O dia branco, enfeitado pelas nuvens que descem
acompanha o silêncio das mãos imóveis
que não poderão fazer-te poemas para sempre
porque a poesia é como o vento que flui, refresca e vai
e há os que seguem ao lado da brisa,
e há os que se guardam em caixas por temer o vento
e o desejam
e o convidam
mas não deixam entrar.
O poeta calado ainda respira poesia
e seu vento silencioso
pulsa dentro do peito a cada respiração
porque a poesia não abandona
ela respira ao lado dos que não têm lugar reservado
no mundo das caixas de esconderijo e certeza sã.
Ah se todos falassem demais como os poetas
que o fazem mesmo estando em silêncio.
Ah se olhar o caminho fosse tão eterno como o trilhar,
como é aos poetas
que sem medo de existir existem em sentimentos e poesia.
Ah se seus olhos pudessem ver a beleza que tem o aroma da vida simples
que dá as mãos aos sonhos e simplesmente vai
rumo ao vento
rumo sorriso
sorri
ainda que em poesia.
Quando o poeta se senta calado
com poesia ao seu lado
o tempo para
e se rende as seus versos pequenos
de alma infinita.
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