segunda-feira, 6 de junho de 2011

O caminho é cercado de muitas estradas
com destinos indistintos
olhos molhados da poeira que fica
e deixa marcas indeléveis às sombras da vida

os grãos se misturam aos nossos grãos
e juntos formamos poeira
que passa com o vento
e se esvai com o tempo
como um lento caminhar de verdades
descritas em silêncio
pela loucura dos sonhos
e pela fraqueza de pilares na vida

o homem recoberto de poeira
agachado próximo ao solo
de olhos vendados pelas suas mãos
tenta ver o tempo e
conhecer o silêncio a
ponto de se escorrer em palavras

o tempo
limitado a estar ao lado do homem
discursa sua verdadeira história
e não requer licença ou pedidos de contentamento
apenas fala
de forma impecável
que a vida envelhece calada
e que quando grita
as outras vidas fecham os ouvidos
e não ouvem os gritos
e não ouvem o tempo

minha história é cercada de muitos eus
de muitos rascunhos e
de muitos não deu certo
meus sonhos são embalados na voz doce
que me consola ao telefone quando me perco
que me abraça e me aperta
quando me esqueço de minha sanidade emocional

meu caminho
possui duras pedras que me deixam lento
talvez forte
mas cada vez mais lento
isento de tempo e serenidade
isento talvez de tudo a que eu possa me recolher

eu sou do tempo
filho dos segundos que passam
herdeiro da poeira dos séculos
construtor de caminhos
perdido entre eles
sem buscar a saída

eu sou do tempo
eterno velejador de poeira
e entre todas e tantas e unica certeza
um pequeno rabiscador de palavras
palavras pequenas
palavras discretas
silêncios da minha alma
desentendida com o tempo

Um comentário:

  1. Ah meu poeta... suas palavras são fortes e sensíveis ao mesmo tempo.
    Palavras de alguém que sabe usá-las com maestria.

    Fico encantada com a forma como você escreve, principalmente por saber que, provavelmente, você não levou nem 5 minutos pra dizer tantas coisas, da forma mais bela possível.

    te amo.

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