sábado, 23 de janeiro de 2010

Essa musica sempre está aqui nas horas certas

12.wma

Minhas Palavras

Minha cabeça está afetada por palavras estranhas,
desconexas.
Extremamente afetada, extremamente confusa.
Extremamente palavras.

Após anos de escrita madura, calma, ponderada,
lenta e delicadamente pensada,
meu escritor insano foi acordado,
subitamente,
indefinidamente...
as palavras voam à minha volta,
meus personagens estão por todo lado,
como fantasmas, como realidades...

Balanço a cabeça, perco a direção,
escrevo no blog e dispenso a caneta,
pra não dizer mais uma vez que sangro nanquim...
mesmo porque minha caneta tinteiro quebrou...
ouço música alta, penso em palavras
e somente em palavras...
e são tantas que interminavelmente não consigo sair do meio delas.

Deixei me acordar este elo perdido,
talvez não pelo perdido,
mas por quem viesse acordar.
Veio.
Acordou.
E minha muralha de palavras se desmoronou
deixando-me vulnerável.
Intermináveis palavras, eternas e imortais.
Palavras sem fim contando histórias que não existem.
Infinitas palavras;
tudo o que tenho;
minhas palavras...
que parecem me mergulhar num poema sem fim
e não me deixam fazer mais nada...
minha poesia, fiel e leal...

Eu gostaria de ter quatro mãos para escrever um poema,
uma história,
ou uma coisa qualquer,
mas sempre encontro apenas duas,
as minhas,
recheadas às vezes de tempo,
de silêncio
e de mim mesmo.

Tudo despejado ao mesmo tempo, e muito rápido em minha cabeça
funde a minhas funções neurais,
mas enfim,
vou sobreviver?
Não. O que é eterno não precisa sobreviver a nada.

Quem não me conhece pensa que estou cheirado,
bem, talvez esteja.
Cheirando palavras, o único cheiro que nunca se vai.

De muralha desfeita e alma exposta
aguardo o momento em que tudo se reerguerá
lenta e silenciosamente,
como eu.
Mas desta vez não deixarei que adormeça
a loucura de minhas palavras.
Nasci escritor compulsivo,
fui criado a pedaços de revistas em quadrinhos
com histórias faltando pedaços...
Fui criado olhando apenas para mim
e descobrindo o meu infinito e indomável universo.
E como diria Drummond,
"Tenho apenas duas mãos e todo sentimento do mundo"
Já tenho as mãos meu colega...

Aos bons, que seja data a pureza;
aos loucos, a liberdade;
aos cruéis, a sabedoria;
aos covardes, a sorte;
aos heróis, o amor.
Aos poetas, já foram dadas as palavras,
e se não bastar,
que inventem mais.

As páginas rasgadas das revistas
alimentavam a minha mente,
os espaços vazios em meu coração
alimentam as minhas histórias...

E assim adormece o poeta,
revestido em um lençol de silêncios.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

...

Que tu possas me abraçar com a mesma força que te vejo,
que eu possa encontrar as palavras
da mesma forma que encontro os sorrisos seus.
E assim então disperso em mais nada
nada mais que esse momento,
que a lembrança do cheiro dos seus cabelos;
a lembrança do cheiro das palavras que eu não te disse.

Que possas entender os meus rabiscos,
entender os meus motivos
entender minhas palavras.

É uma pena que eu não perca o controle.
É uma pena que eu não pegue nada sem pedir.
É uma pena que eu não encontre caminhos de dizer as palavras certas.

Que tu possas sonhar
enquanto eu escrevo,
que tu possas amar...
e a cada dia
sentirei a luz dos seus sorrisos,
infinita e adormecida...