Não, isso não é um poema de amor, é um poema numa prosa estranha, de permanência ao lado junto em conjunto ou separado através de uma mão que é dada, no toque ou apenas na concordância do vamos juntos com motivos ou sorrisos ou apenas silêncios encostados em nossas faces que não se encostam mais porque nossa espécie está se esquecendo de como é conectar-se e já não somos mais capazes de saber como é a temperatura, o cheiro e a textura daqueles ao nosso lado isso se existir um lado para ficar.
Às vezes sinto o cheiro da arte
exalando de um corpo colado numa alma colada na essência da beleza de
artistar-se e enveredar-se sobre um vento que não sopra e mergulhar naquilo que
chamamos de um mundo inventado, tão verdadeirizado que nenhum outro mundo se
torna preciso no pedaço conciso de eternidade que ousamos tocar para embelezar
as lacunas do eu que se preenche da única vida que existe, uma vida que
consiste em bailar ao som do tempo para que o tempo se funda com a imensidão
Arrasta seu pé do lugar parado
encrustado da centelha das regras vazias que parecem enevoar a nossa visão de
tudo aquilo que não se pode ver e apenas existe no cheiro da essência não exalada
aos corações empedrados que choram ao invés de se aquecer porque o fogo foi
encarcerado no vai e vem do dia capitalista, um pedaço da semana capitalista
que é parte do mês capitalista enfiado no ano capitalista que alimenta a
eternidade de pegar o dinheiro e gastar ou guardar esperando um dia gastar
quando precisar e nada mas nada mesmo acontece além de se deixar a alma
derreter em um cofre enferrujado.
Eu e você podemos fagulhar a arte
e chegar perto tão perto até que o espaço desapareça porque quando todo espaço
desaparece e nos aproximamos infinitamente explodiremos em um sol imensamente brilhante
feito não de fogo mas de matéria que se funde continuamente e só quando este
sol brilhar é que a vida vai acontecer sem deixar de ser planejada ou organizada
já que agora é apenas um engano de planos que nunca existiram se pensarmos que
a vida sem o sol nunca foi vida e sem vida nada do que se fez de fato existiu e
todo amor se esvaiu através de nossos perdidos passos nunca dados por nossos
pés fincados no chão que nunca nos pertenceu.
Abraça-me, não como dois mas como
sol, a única estrela de que realmente faz sentido em nossas vidas porque
tomamos o mesmo sol e respiramos o mesmo ar e bebemos a mesma água desse mundo
e com um pensamento pouco profundo acreditamos que somos dois eu e você separados
e não artizados um ao outro pela nossa arte não nossa já que ela compreende
toda a criação
Cheire sua mão ao acordar e
busque aspirar que cheiro realmente existe em você entendendo quem mora aí
dentro.
Escute sua respiração antes de se
levantar e ouça o canto que a sua vida sopra o tempo todo para acordar o seu
coração.
Toque o seu rosto e entenda a
fusão você e torne-se uma coisa só ligando espírito corpo e percepção de vida.
Permita nascer o sorriso ainda
antes dos seus pés tocarem o chão e entenda que nele está contida toda a
felicidade do mundo.