Você já veio até mim, é veio,
quando precisava trabalhar,
talvez,
para terminarmos em grupo um
projeto com prazo ferrado.
Já me gritou na rua quando seu
dinheiro acabou, não que eu tivesse mais
já me levou para examinar o cérebro
que não tinha nada de errado.
Já veio falar comigo todos os
dias tentando me conquistar,
já veio tentar destruir a minha humanidade,
ferir a minha arte.
Já veio e virá aos eventos
sociais,
já me procurou para saber ou
resolver coisas,
veio até mim para treinar e
aprender
veio para trabalhar...
veio e virá por tantas coisas...
você... todos os vocês que que
conheço...
tantos vocês... nem consigo
contar.
Mas nunca veio por motivo algum,
aquele dia que, talvez ele se
sinta sozinho
sozinho demais para conseguir
escrever...
eu sou feito de palavras
e quando elas não vêm
eu deixo de existir
Ah! Por que nunca me falou?
Eu disse de muitas formas, toda
vez que falo “não consigo escrever” estou gritando por socorro...
Já disse em poemas que divulguei...
Já disse com histórias...
Já disse com teorias e fórmulas
para mudar o mundo...
Já disse com respostas curtas que
me fazem parecer estranho...
Já disse com convites para “ir
ali”, mas que já desisti de fazer...
Já disse com tantas palavras
que já não faz mais diferença
dizer
e ainda assim estou dizendo
agora...
paredes velhas
música
silêncio
mais e mais e mais ideias
palavras impedidas pelo silêncio
da inexistência dos abraços
as teorias mais belas (e
prováveis)
o oitavo do mundo (até o momento)
pelo menos eu posso cantar
errado, ninguém vai ouvir...
Às vezes,
quando estou só,
eu expulso as palavras
e sem palavras
eu pareço não existir...
e nunca, nunca mesmo, alguém virá
até o temido dia em que eu não consiga
sair do chão sozinho...