Eu sou como a raposa do Pequeno Príncipe,
você vai precisar me cativar.
Não basta chegar perto e tocar ou
trazer o seu cheiro,
é preciso cativar a minha ética
mostrando o seu respeito a todos
os seres humanos
e depois cativar a minha verdade
deixando transparecer sua alma
sem medo de ser quem é
para em seguida cativar o meu
silêncio
não dizendo nada, apenas deixando
florir um sorriso
que te permitirá cativar o meu
coração
ao ouvir o som do seu a badalar
em meus ouvidos
e vai cativar o meu olfato
com o seu cheiro doce ou o aroma
verdadeiro dos seus sentimentos
não antes de precisar cativar a
minha pele
com seus toques suaves e gentis,
ainda que fortes
para depois cativar o meu desejo
aguardando o tempo em que o ar
entre nós se torne um só
e só assim cativar o meu espaço
até que eu chegue perto como se fôssemos
um
para poder cativar o meu amor
e pertencermos à história entre
nós
para poder cativar as minhas
palavras
e se tornar a minha poesia.
Mas ainda assim será preciso cativar
a minha arte
porque sem ela não serei eu quem
estará lá,
e sim apenas uma sombra respirando
uma história efêmera
que desaparecerá ao pôr-do-sol.
Minha arte é como a lua que surge
à noite para não deixar o sol partir,
ela não dorme porque seu sono
ilumina as histórias e sonhos.
Minha arte arrasta as marés para
si mesmo sem tocá-las,
porque o tato, o cheiro, as
palavras, os sorrisos, a ética
a verdade, o amor e tudo mais que
eu puder citar
são meras fagulhas diante da
existência;
a arte é existir e estar em tudo
sem precisar tocar, porque tudo
nasce da luz que não se apaga.
Por isso é preciso cativar a
minha arte
para que eu simplesmente possa existir.