segunda-feira, 14 de junho de 2010

Quanto mais extenso o deserto, mais eu sei que a areia nos olhos me mostra a inexisgtência dos caminhos. Uma chuva fina de lembranças que me molha de angústia e decepção esfria meus sentidos, congela minhas palavras, me faz fechar os olhos ao vento forte que traz novidades ruins pela manhã. A areia fere os meus dedos, fere os meus sentidos, fere as minhas convicções. Há apenas ruídos estranhos. Foi tão ruim acordar e saber que sou eu.

Um dia tão intenso, de minutos tão infinitos, de infinitas vezes as pessoas a perguntarem como foi tudo ontem e eu ter que responder sorrindo que foi tudo ótimo. A cabeça erguida sob o vento e a areia aumenta ainda mais a minha angústia.

Sem mais palavras

Apenas

Tudo que eu precisava hoje
era apenas não voltar para casa.
Não há qualquer problema com ela
ou com as pessoas,
era apenas uma necessidade de não estar
em algum lugar.
Dormir sobre outro lençól
ou apenas ficar lá até que a noite passe,
como farei sobre o meu.
Era preciso apenas
um calor a mais no meu corpo
para não mergulhar nas minhas lembranças;
mas agora já é tarde.
Não vão sair.

Precisava apenas não voltar prá casa
sem qualquer motivo,
apenas um vazio que se acentua a cada palavra
na estréia dessa pena
nesse poema tão sem destino.
Me dói estar em casa porque tenho a certeza
de toda a realidade dos últimos dias.

Precisava apenas de um outro lugar; apenas nesta noite.
Mas sozinho nada tem significado em minha vida.
Então voltei prá casa,
prá escrever e me lembrar.