sábado, 30 de julho de 2011

Palavras Faladas

No dia em que mais precisei das palavras faladas
adivinha...
to virando a noite nas palavras escritas.
Já deixei um poema no hd e to cuspindo esse no blog,
porque eu preciso me alimentar de alguma coisa,
jantei há poucos minutos, minha pressa era em chegar ao telefone,
não senti o gosto, poderia ter comido qualquer coisa,
precisava do sabor das palavras,
não só das minhas,
mas do conjunto das minhas com as de outra pessoa...
saboreio minhas solitárias palavras escritas,
um saborear afobado e ainda desmedido,
que elas irão saciar e acalmar.

Nem sempre o tempo corresponde ao que precisávamos,
às vezes é necessário correr por causa do ônibus,
nem sempre a espera e o objetivo nos levam
onde realmente queríamos chegar,
é preciso ir dormir.
Mais do que dormir ou comer
eu preciso de palavras.

Queria o suave sabor das palavras faladas
para estabilizar a poeira que escorre dos meus dedos,
sou possuidor de palavras escritas,
entregues a mim pelo anonimato das verdades,
pela assimetria dos segredos
e pela eternidade do silêncio.
Palavras que tornam curto o tempo e indormível a noite.
Palavras que recobrem os olhos de estranhas sensações
e dormem solitárias, banhadas em poesia.

As palavras escritas não se calam,
as palavras faladas podem ser apagadas;
assim como os desejos podem ser esquecidos.
Sei que não sou um merecedor de todas as palavras;
por isto deus me deu o silêncio e todas as palavras escritas.
E o que fiz foi me acostumar à incerteza dos sons que não ouço
e por isto muitas vezes me calo e me falo em versos quebrados quem sou.

Sou poeira de poesia
e o que escorre de minhas mãos
chama-se vida,
vida que deixo ir
pelas palavras que escrevo,
pelas palavras que eu não falo.