sexta-feira, 21 de agosto de 2015

o buraco

Jogaram uma garota no buraco.
Corri pra ver e fiquei olhando para ela lá embaixo,
parecia pequena, frágil e assustada,
como uma criança boba e inofensiva.
Então comecei a conversar para acalmar o seu coração,
e suas palavras eram geniais,
a menina via muito mais longe do que as paredes do buraco.
E ela começou a olhar pra cima pra falar comigo.

Os que a jogaram no buraco não gostaram
dela ficar olhando pra cima,
porque isso é errado,
ela devia entender o buraco ao qual pertencia;
mas ela não gostava do buraco.
E me tiraram de perto.
E a menina continuou a olhar para cima,
‘nada muda’ – disse ela.

Bombardearam o buraco
com toda força e raiva que tinham
para que ela abaixasse a cabeça.
Eram bombas covardes e raivosas.
Ela sentiu a dor.
Então pensei,
ela vai se entregar.

Ouvi os barulhos e as palavras da menina,
ela ainda estava de cabeça erguida,
agora mais erguida que antes,
e ela tentava subir as paredes do buraco,
ainda que escorregasse,
começava de novo.
Seus valores mudaram.
Seus medos estão sumindo.
Sua força e sua dignidade aumentam a cada tentativa de subida.
E ela irá sair de lá,
sim irá, pois sua alma já não pertence ao buraco
ou a quem a jogou lá.

Me afastaram e por isto ela sairá do buraco,
como tenho orgulho de sua força e determinação,
como admiro cada vez que ela finca as mãos
nas paredes do buraco para tentar sair,
não se importando se irá cair,
mas sempre seguindo de cabeça erguida.
Como admiro a menina que escala o buraco rumo à liberdade.
Como eu respeito a sua força.
Como eu respeito o seu caráter.
Como eu respeito a sua coragem.

Aqui fora o mundo é mais lindo menina,

e ele já pertence a você.  

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