sábado, 4 de julho de 2015

volátil

Sou volátil como as palavras
que sequer conseguem ter significado único.
As ruas trocam de cor quando eu troco de sentimento,
mas preciso mais do que trocas,
preciso de uma paleta nova de cores.
O mundo está tão vazio,
as pessoas são tão diferentes de mim,
que as minhas palavras nem sabem onde
ou como devem chegar;
e se vão, mutáveis, translúcidas,
carregadas pelo vento,
mesmo quando o vento não sopra.

Tenho um vinho aberto à minha esquerda,
sem companhia para tomar.
É um vinho muito bom.
Me perco nos meus sentimentos que
não pareço ter a idade que tenho,
mas é tão bom me perder,
isso me dá sentimentos incomparáveis.
Sei que para uns pareço firme como rocha,
e para outros, fluido como a água que corre sem caminho,
ou para alguns, indiferente como uma montanha de gelo;
mas no fundo,
sou apenas perene como as palavras,
que por passarem tão rápido,
sabem se gravar na eternidade.

Aprendi a não ter medo,
aprendi a ter apenas sonhos e esperança,
e tudo se dissolve em palavras,
e as palavras se dissolvem em mim,
e me dissolvo em momentos,
e a vida escorre
como se eu estivesse vivo e morto, o tempo todo, ao mesmo tempo.
Sou tão volátil quanto as palavras,
e por isso passo rápido,
mas com uma intensidade inesquecível.
O mundo anda estranho demais.
Prefiro vê-lo das cores que pinto,
assim é mais bonito,

mesmo que eu veja só.