domingo, 28 de junho de 2015

sentidos

Toques
cheiros
abraços
fugas
filosofia
literatura
confusões
música
e minhas palavras que,
apesar de me encontrarem,
ainda se sentem perdidas.
E o meu olfato,
e o meu tato,
e todos os meus sentidos,
misturados ao desconhecido intenso de mim,
abalados ao desejo que contorna minha alma,
que redesenha minha poesia
e que consome o meu medo,
me dando alegria,
mesmo na solidão.
E a poesia, intensa, forte, plena,
mais necessária que o ar,
e a poesia,
que não me basta,
que é menor que os beijos que não são recebidos.
Descontrole, sentimentos,
e tudo mais que eu puder perceber,
sem sequer saber de onde veio e para onde vai.
Não sei de mais nada,
tenho apenas os meus sentidos ofuscados
e inertes aos meus desejos,
tenho apenas os cheiros que sinto
e nunca foram para mim,
tenho apenas os desejos que perco,
por que são apenas meus;
e meus sentidos se confundem
dentro de minhas palavras
que desafiam a razão
que manda eu me calar.
Posso perder

mas não sei como me calar. 

domingo, 14 de junho de 2015

Elegia aos muros

Vai lá.
‘Vamos’ seria um convite. Não gosto de ir sozinho.
Mas é preciso entender que as histórias vão ser separadas
pelos que guiam os pensamentos e acreditam ver onde nunca olharam.

O abraço que não vem quando o dono está olhando
faz muita falta,
mas não viria. Nem tudo pode vir.

E jamais quero compreender porque as pessoas só fazem erguer muros,
muros para se fecharem ou para afastar os outros.
Muros construídos sobre a imbecilidade e a falta plena de amor,
amor que luta, morre, vença ou não a briga; mas não foge e morre de inanição.

A arte incompreendida,
apenas olhada como um adorno aos olhos ofuscados pela luz,
sem se poder ver as palavras óbvias dos movimentos;
pobre arte apresentada a tolos.
Como o simples pode estar tão longe de nós?

E sempre ouço me perguntarem o que eu quero.
Que apenas que exista só a sinceridade,
e que a verdade e a lealdade sejam nossos guias.
Quero que o medo de todos acabe.

Mas devo estar no lugar errado,
ou no mundo errado,
ou com as pessoas erradas.

Não quero abrir um vinho.
Espero que meus personagens não leiam isso, mas hoje não os quero escrever,
e estão aqui atrás de mim.
São a única verdade que conheço.
Nunca abandonam seus desejos e nunca deixam de viver sua verdadeira história.

Me encontro tanto com muros.
Vocês constroem tantos muros.
Não gosto de pular muros.
Também não fico escondido atrás deles.
Gosto de caminhos.
Muros me entristecem.
Caminhos me libertam.
Gostaria que todos fossem livres,
mas infelizmente preferem se esconder nas sombras dos muros
e deixar que tudo passe sem acontecer.

Há muito não escrevo elegias.
É que onde houver muros,
sempre ficarei de fora.
Seja qual for o tamanho do muro.
Seja qual for o tamanho da minha elegia.
Irei

mas irei na direção contrária aos seus muros...

sábado, 13 de junho de 2015

Do que são feitas as palavras que não podemos escutar
quando o coração dispara,
as mãos transpiram,
os pés se movem
e paramos de ter qualquer resposta?
O que fica na frente dos nossos olhos?
O que fica atrás dos desejos?
O que apaga os pensamentos?
Por onde o corpo se move quando apenas quer ficar parado?
Qual o tamanho do universo,
quando o único desejo é tocar o seu rosto com as mãos
e os seus sonhos com um sorriso?
Do que são feitos os sorrisos?
Mãos frias. Mãos quentes.
Olhar tímido. Olhar convencido.
Palavras silenciosas.
Abraços. Lembranças. Espera. Abraços.

Sou feito de poesia.
Me apaixono com versos soltos,
arranco sorrisos com facilidade;
nunca perco as palavras,
apenas as deixo de lado
quando posso sentir o cheiro ou o calor de um contato direto.
Sou feito de tudo que eu não possuo,
mas que caminha através de mim.
Sou feito mais de você do que de mim mesmo
e minhas palavras não são minhas,
nem a minha poesia;
são todas suas e apenas as entrego
e me sinto feliz
e me sinto em algum lugar que jamais poderei descrever,
que jamais poderei tocar
que jamais poderei perder.
Só preciso viver dentro dos seus olhos,
no aperto das suas mãos,
no carinho do seu silêncio,
só preciso viver,
e nada mais.

Onde termina uma história que ainda não começou?
Onde começam as histórias que não podem terminar?
Como aprendemos a atravessar os séculos com tanta maestria?
Não me lembro.
Só sei que o tempo já ficou pra trás
e nada mais importa,
apenas estar lá,
estarmos lá.

Do que foi feito esse poema?
De poesia é claro. Poesia e palavras.

E de você.